Adoção de abelhas, por Werney Serafini

Werney Serafini - principalQue tal adotar abelhas? Assim como se faz com cães, gatos e outros animais? Mas não convencionais, desprovidas de ferrão e genuinamente brasileiras.

Ao pensar em abelhas, surge a imagem dos pequenos insetos que voam entre as flores recolhendo e transportando néctar e pólen para produzirem mel. E, instintivamente, o medo das doloridas ferroadas das africanizadas que dominam a apicultura brasileira.

Poucos sabem e muitos sequer ouviram falar das pequenas, frágeis e tranquilas abelhas sem ferrão, as brasileiras legítimas que existem em todas as regiões do País.

No mundo, são mais de 20 mil espécies nativas ou indígenas, como são conhecidas. A maioria tem hábito solitário e apenas umas 400 espécies vivem em comunidade formando colônias ou enxames. Habitam a América do Sul, América Central, Ásia, Ilhas do Pacífico, Austrália, Nova Guiné e África.

No Brasil, ocorrem mais de 200 espécies. Algumas são domesticadas para a produção de mel, considerado de ótima qualidade e com propriedades medicinais. Por serem pequenas, produzem volumes bem menores que as temidas, mas eficientes africanizadas. Por essa razão, comercialmente são pouco exploradas e conhecidas.

No entanto, são excelentes polinizadoras das flores que dão origem aos frutos e sementes de diversas plantas, principalmente as da flora nativa, que formam a Mata Atlântica.

Dos polinizadores, as abelhas, reconhecidamente, são os mais eficientes, interagindo nos ecossistemas em que ocorrem árvores com flores e frutos.

Cerca de 218 mil das 250 mil espécies de plantas com flores, dependem de polinizadores para a sua sobrevivência. A maioria das essências florestais nativas do Brasil é polinizada por abelhas sem ferrão. Sem elas, muitas espécies da flora da Mata Atlântica deixariam de produzir frutos e sementes, correndo risco de serem extintas.

Portanto, elas assumem importantíssimo papel na conservação e preservação da diversidade vegetal.

As abelhas sem ferrão habitam as florestas e costumam fazer os seus ninhos em troncos de árvores. Na falta das árvores, locais diversos, como frestas dos muros em residências. Muitas são dizimadas pelo crescente desmatamento, pelas queimadas, por agrotóxicos e pesticidas aplicados na agricultura. Nas áreas urbanas, especialmente aquelas em acelerado crescimento como Itapoá, a supressão da vegetação contribui significativamente para a destruição das pequenas colmeias nos ocos das árvores derrubadas para a abertura de ruas e terrenos. Deveriam ser protegidas, pois são imprescindíveis para a preservação dos remanescentes das matas nativas do município. A proposta é manter no seu quintal ou num pedacinho do seu jardim, uma pequena colmeia que certamente polinizará as plantas do entorno.

Portanto, ao encontrar as pequeninas em seu quintal ou jardim, proteja-as, pois estará contribuindo para a exuberância e continuidade de uma das maiores riquezas de Itapoá: os últimos remanescentes da Floresta de Planície Costeira do sul do País.

Então, por que não ‘adotar’ e manter no quintal ou no jardim de casa uma colmeia de abelhas nativas? A Mata Atlântica, certamente retribuirá.

Outono, 2016.

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Werney

Werney Serafini é presidente da Adea – Associação de Defesa e Educação Ambiental. Acredita no desenvolvimento de Itapoá com a observância de critérios ambientalmente adequados.

Um comentário em “Adoção de abelhas, por Werney Serafini

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    18 de junho de 2020 em 00:53
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    Estou em busca de umas abelhas nativas para colocar no meu sitio em Paraty!!
    Adoraria conhecer o projeto!!

    Resposta

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