“Mais que um farol”, por Werney Serafini
O Farol do Pontal deixou de ser sinalizador de navegação na Baía Babitonga: foi desativado pela marinha. Agora, é monumento histórico de Itapoá.
Estava ameaçado, em vias de desmoronar, devido à ação do mar. Acossado pelas marés, com uma ressaca mais forte, fatalmente viria ao chão.
Inimaginável! O farol é uma das identidades culturais da cidade, ícone turístico de Itapoá. Tal qual as pedras de Itapema, consta na divulgação do município. Foi, inclusive, inspiração para o nome de um dos mais sofisticados restaurantes da cidade, o Recanto do Farol.
Na monografia de conclusão do curso de Arquitetura, o empresário Fabiano Lima fez uma primorosa narrativa sobre as origens do farol: construído em 1948, substituiu o Farol da Piçarra, destruído pelo mar. A Delegacia dos Portos de São Francisco do Sul, conforme a ATA 113, autorizou a construção de um novo farol na localidade de Pontal do Norte, próximo à Igreja e à Colônia dos Pescadores.
Foi edificado por Waldemar Bernstorff, construtor radicado em São Francisco do Sul. Com oito metros de altura, no formato octogonal, nas cores branco e encarnado, está localizado nas coordenadas 26º10’42’’ de latitude e 48º35’15’’ de longitude, descrito na Carta Náutica 1804, com a denominação de Farolete Trincheira.
Sob jurisdição da Delegacia da Capitania dos Portos de São Francisco do Sul, é propriedade da Marinha do Brasil. Está em área de marinha de acordo com o artigo 2º do Decreto 9760 de setembro de 1946, sob coordenada UTM 741.288 e 7.102.788 constando no Mapa do SPU – Secretaria de Patrimônio da União, folha 741-102.
Merece destaque a iniciativa da Prefeitura ao proceder a recuperação do Farol. Foram feitos enrocamentos de pedras para proteção do mar e uma plataforma de madeira circundando a edificação. Recebeu nova pintura, iluminação e o entorno foi urbanizado. A ação da Prefeitura resgatou um dos mais conhecidos monumentos históricos de Itapoá, transformando-o em cenário turístico da cidade.
O arquiteto Fabiano, na sua monografia, destacou a importância do local que abriga, também, uma Igreja centenária, a Acopof – Associação Comunitária do Pontal da Figueira e remanescentes da tradicional comunidade de pescadores artesanais.
A Prefeitura poderia ir além e pensar em algo tipo um porto pesqueiro artesanal, com píer de atracação, oficina de manutenção, mercado público para comercialização de pescado, oficinas de artesanato e outras atividades que proporcionem a inclusão da comunidade pesqueira que lá existiu e continua, resiliente, no local. Uma obra com qualidade, assim como o Porto de Itapoá. Afinal, da movimentação dos pequenos barcos de pesca é que emergiu a vocação portuária de Itapoá.
Faróis têm a ver com navegação. Navegação tem a ver com portos, seja para os modernos e grandes navios, ou para as pequenas embarcações de pescadores. Respeitar tradições e preservá-las é um tributo com a história. Mais que necessário, é preciso.
Itapoá (Primavera), novembro de 2024.
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