“O jovem, o adulto e o idoso como foco da educação contínua”, por Fátima Rigoni
Em época de globalização, a sociedade está cada vez mais centrada na escrita, internet, individualidade e busca para solucionar a questão do analfabetismo de jovens, adultos e idosos. No Brasil, isso faz com que muitos programas (governamentais, independentes e filantrópicos) sejam efetivados. Porém, saber a técnica da leitura e da escrita (saber ler e escrever) é insuficiente para atender às necessidades dos jovens, adultos e idosos. É preciso que os educandos saibam fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano e para o cotidiano, que se apropriem da função social dessas duas práticas, consigam usar a leitura e a escrita para se sentirem livres e autônomos.
Percebe-se que muitos dos cidadãos egressos no processo de alfabetização ainda não conseguem ler a sociedade à qual pertencem, uma sociedade submetida às novas tecnologias e às diversas linguagens. Muitos encaminhamentos metodológicos foram experienciados, mas uma grande porcentagem de cidadãos continua excluída ou, estando em nível de quarta-série, não conseguem interpretar o que leem e têm dificuldades para se comunicarem ou fazerem uso da escrita no seu cotidiano. São os chamados analfabetos funcionais.
Todos os cidadãos e cidadãs brasileiros, sendo cada um e cada uma detentores de direitos e deveres, fazem cada qual a sua história e, ao mesmo tempo, em conjunto, fazem a história deste país. Sendo parte dele, cada elemento tem o mesmo valor, a mesma importância na construção, na manutenção e na sobrevivência desta nação.
Garante-se a igualdade de direitos e deveres de cada integrante da população, através das leis, mas nos dias atuais, vivemos em uma sociedade desigual, que é capaz de produzir diversos avanços tecnológicos e científicos e, ao mesmo tempo, mantém e/ou cultiva desigualdades e violências. Por isso, o debate de temas contemporâneos como o FEMINICÍDIO e a violência doméstica se fazem necessários.
É na nossa história que podemos compreender o nosso presente, tentando interferir, provocando pensamentos e tentando mudar atitudes para que possamos ter possibilidades diferentes no futuro.
Como professores, fomos formados por uma escola sustentadora de uma realidade social, com uma visão compartimentada através de nosso ensino fragmentado e, com isso, foi-nos negada a articulação desses conhecimentos para uma melhor compreensão desta realidade vivida. Percebe-se, inicialmente, que quando interrogados sobre a cultura de cada aluna ou aluna, falam de uma cultura elitizada e não da cultura que produzem e que eles mesmos vivenciam, modificam, constroem e reconstroem. Acreditamos que seja porque, na maioria das vezes, a escola, como representante do poder dominante, não leva em consideração e não procura compreender a outra cultura que não a sua, como sendo uma cultura legítima. Eles se relacionam “com o mundo” e com sua realidade, mas nem sempre têm consciência desse fato.
Sabe-se que o alfabetizando procura a escola pela necessidade de fixação de sua identidade como ser social e cultural, além de buscar, através da escola, a melhoria salarial e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida. Enquanto alunas e alunos, acreditam que através da passagem pela escola, conseguirão melhores condições de trabalho. Têm urgência em relação à aprendizagem e, portanto, são geralmente impacientes consigo mesmos. Não é raro encontrar, nas salas de aulas, pessoas que acreditam que sabem ler e escrever, porque sabem copiar as letras; assim como pessoas que sabem ler e escrever e tem medo de dizê-lo, porque pensam que assim fazendo serão mais exigidas.
Por tudo o que foi relatado é que se faz necessário repensar a alfabetização de adultos e idosos. Deve-se, através da prática pedagógica, estimular os alfabetizandos à apropriação da leitura e da escrita para uma alfabetização que os levem a refletir, pensar, criar, recriar, opinar e questionar.
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