“Não seja uma mulher guerreira!”, por Jô Ribas
“Ao acordar, penso: tenho que fazer o café, ir para a academia, levar os filhos na escola, trabalhar, voltar para casa e fazer o almoço, arrumar a casa, ir para o trabalho… Depois, tenho que pegar as crianças na escola e fazer o jantar, dar uma geral na casa, auxiliar na tarefa das crianças, dar atenção ao marido, responder aos emails e mensagens, terminar o trabalho da faculdade… Realmente, não vou conseguir parar hoje.”
Faz sentido para você?
Essa é a rotina da maioria das mulheres nos dias de hoje. Uma rotina exaustiva e desgastante, na qual uma mulher é chamada de guerreira por carregar o mundo nas costas. Esse termo, tão utilizado e enaltecido, descreve a mulher obcecada, que não desiste, que luta pelos seus sonhos, que vai até o fim para conquistar o seu lugar no meio social e na vida das pessoas. Possivelmente, essa mulher chamada de “guerreira” é uma criatura sobrecarregada e profundamente cansada, que criou uma armadura tão pesada e densa, capaz de lhe permitir enfrentar o máximo de problemas sem surtar, de vencer a dor e continuar vivendo; de acolher a tudo e a todos.
Ela é facilmente identificada pelo tom da voz mais autoritária e dona de si, é aquela que chega para resolver, que sempre tem uma solução, que está presente e atenta a todos os detalhes, que se dedica aos outros sem limites.
Mas chega um momento que a mulher guerreira acaba desmoronando. Ela perde sua referência de mulher e não sabe mais quem realmente é, pois se cobriu com um escudo, acreditando que estava se protegendo, quando na realidade estava se escondendo.
E essa pressão em dar conta de tudo se transforma em dor! Dor física: nos ombros, nas costas, dores de cabeça e nas articulações, e também emocionais, que se transformam em síndromes do pânico, de Burnout e depressão, dentre outras.
É muito pesado e um gasto enorme de energia, viver a “guerra” simplesmente para nos adequarmos ou nos destacarmos.
Ser uma mulher guerreira não é elogio, nem um ato heróico ou um título a ser conquistado! É essencial priorizarmos a nossa saúde física e emocional, através do equilíbrio e autocontrole. Saber quando devemos fazer e quando é a hora de parar, descansar e analisar se vale a pena continuar. Isso serve para o trabalho, relações interpessoais e até mesmo na relação conjugal.
Que tal sermos apenas mulheres fortes? Mulheres femininas e não mais guerreiras. Você deve entender que, ao sentir-se cansada, pode sim pedir ajuda ou simplesmente dizer que não quer fazer isso ou aquilo. Você tem esse direito! Direito a ser frágil, pedir colo, chorar quando sentir vontade, admitir as suas dores, falar sobre os seus problemas e sentimentos, permitir-se ser amada e cuidada. Ser uma mulher forte é entender que a fragilidade não diminui a sua capacidade, muito menos o seu valor. Ser uma mulher forte é saber que o excesso abala o equilíbrio de todas as coisas e que a harmonia é a chave da roda da vida.
Então, priorize o seu bem estar! Dedique um tempo a si mesma para pensar, refletir ou apenas para sentir. Invista em você e no seu desenvolvimento pessoal, profissional e espiritual. Essa é a maneira correta de conquistar o que deseja de forma natural, sem precisar lutar ou guerrear por algo. Seja forte e não guerreira! Seja você!
Olhe-se com mais carinho, com mais atenção, tenha orgulho e admiração por tudo o que você é, em toda a sua plenitude, olhe-se com os olhos cheios de amor! Valorize-se! Você é única!
E quando, por acaso, você reconhecer uma mulher forte, ofereça um chá ou um chocolate, dê-lhe um abraço afetuoso e pergunte: como você está? E, pode puxar uma cadeira, pois essa mulher tem muita história para contar, com aquele indescritível brilho nos olhos!
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