“Arte e Algoritmo”, por Mutti Kirinus
Está provado que as redes sociais, e o seu critério algorítmico nas escolhas dos conteúdos a serem veiculados para cada usuário, aumenta a radicalização das opiniões proporcionalmente enquanto diminui a diversidade desses mesmos conteúdos. Diariamente, maior em número e menor em diversidade, aumenta-se a ilusão de que as opiniões pessoais, gostos, tendências políticas, etc., são certezas de consenso geral e não apenas uma opinião entre uma diversidade de outras. Um critério de escolha utilizado pela sua eficácia comercial, encontrando-se o público alvo quase automaticamente, pode ser prejudicial quanto ao seu aspecto humanístico.
Não resta dúvida que estes novos veículos e interação social inaugurados e em desenvolvimento pelas redes foram e serão utilizados tanto para fins comerciais, como para políticos. Gramsci já alertava para uma construção de hegemonia do pensamento como ferramenta de dominação. O aumento do poder de divulgação e de controle dessa distribuição aumentam também o poder de construção de ideias convenientes para a promoção de interesses de quem possui maior poder de investimento nesses meios.
Com o objetivo unicamente comercial e de entretenimento, sem nenhum outro critério mais nobre, o alcance de um conteúdo preferencialmente a outro segue uma corrente desfavorável para o propósito essencial da arte e da cultura, o propósito de ampliar a consciência, o gosto, proporcionar empatia, troca e uma universalidade humanística.
Nesse sentido, na contra corrente desses propósitos, a facilidade de publicações sem a necessidade de um trabalho de aprimoramento que toda a arte exige, causa mais poluição do que democratização da expressão, visto que essas publicações são algoritmicamente escolhidas para você.
Desse modo, qualquer atividade fora deste universo algorítmico é um buraco na muralha hegemônica que circunda todo indivíduo nas relações sociais da internet. Sair das redes, fazer atividades fora da rotina de trabalho, participar de atividades artísticas, pesquisar sobre a história, filosofia, são caminhos da liberdade na qual o indivíduo pode tomar as rédeas do seu pensamento, e exercer assim, verdadeiramente, o seu livre arbítrio.
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