Novo terminal portuário em Itapoá, por Werney Serafini
Recentemente, na Câmara de Vereadores, a DTA – Engenharia Portuária e Ambiental, realizou palestra abordando os estudos ambientais que desenvolve para a COAMO – Agroindustrial Cooperativa, para licenciamento de um novo terminal portuário em Itapoá.
A COAMO é uma das maiores e mais exitosas cooperativas agropecuárias do País, com atuação em diversos estados brasileiros, especialmente no Paraná.
Pretendem investimentos na ordem de R$ 1 bilhão no terminal, para atender as crescentes demandas do mercado agropecuário brasileiro. A escolha de Itapoá baseou-se na facilidade ao acesso marítimo proporcionado pelo excepcional canal natural próximo da costa.
A opção da COAMO comprova a natural vocação portuária de Itapoá, consolidada pelo porto privado especializado em contêineres e, atualmente, em nova expansão.
Durante a palestra foi manifestada apreensão em relação aos volumes das movimentações portuárias, especialmente a de cargas terrestres que certamente serão significativamente ampliadas com o transporte de cereais, fertilizantes, líquidos a granel e gás GLP, demandando concentrações expressivas de caminhões e impactos diretos na cidade.
As estatísticas apontam que nos últimos anos, o município apresenta crescimento exponencial, impulsionado pela atividade portuária, pela construção civil com a liberação da verticalização na orla, pela consequente ampliação do setor de serviços, do comércio e do turismo de praia e mar.
A palavra de ordem é “crescimento”. Às vezes, com o apêndice “sustentável”. Emprego, geração de renda, bem estar e prosperidade, pacote virtuoso de benefícios proporcionados pela expansão econômica.
No entanto, se faz necessária uma reflexão sobre a expressão “crescimento”, utilizada, frequentemente, como sinônimo de “desenvolvimento”. Sinonímia contraditória, pois crescimento é um processo quantitativo e desenvolvimento um processo permanente e qualitativo.
Controvérsias à parte, crescer não é o mesmo que desenvolver. Crescer é aumentar de tamanho e aumentar de tamanho não parece ser a melhor alternativa. Quantitativamente, a humanidade foi longe demais, a civilização industrial e globalizada expandiu rapidamente e não é mais possível consumir a natureza de forma quantitativa e infinita. Há que se ter equilíbrio e, principalmente, no caso de Itapoá, equidade.
Equidade, porque na questão portuária de Itapoá, permanece aberta uma lacuna representada pela tradicional e resiliente comunidade pesqueira, justo os primeiros a utilizarem os portos naturais da costa para suas atividades. Atividade de pequena escala, mas fundamental para os pescadores artesanais.
A COAMO, com a tradição e experiencia cooperativista que possui, poderia ser a protagonista e suprir a lacuna existente, propondo como uma das compensações dos impactos ambientais, o estabelecimento de um braço da cooperativa, associando os pescadores artesanais locais. Réplica do feito décadas atrás, quando reuniu 79 agricultores, na longínqua Campo Mourão no Paraná, dando início a essa fantástica Cooperativa.
Quem sabe, poderia ser o embrião de um porto pesqueiro artesanal moderno, uma iniciativa de vanguarda na região. Certamente, exemplo de equidade econômica.
Fica a sugestão.
Itapoá (Outono), junho de 2022.
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