“Saber para melhor sentir”, por Mutti Kirinus
Dos inegáveis paralelos entre a arte e a educação, o da qualidade da percepção estética é o que abordaremos nesta coluna.
O artista plástico e filósofo Cézanne tinha uma frase lapidar para esse aspecto. Seu lema era: saber para melhor sentir, e sentir para melhor saber.
Isso, porque nossa percepção está repleta de conhecimentos, e estes melhoram e aumentam o poder de alcance de nossa percepção.
De fato, talvez muitos objetos de arte, embora possam se expressar pelo canal da intuição, perdem muito na sua valorização, sem o conhecimento e reconhecimento de aspectos históricos, culturais e mesmo técnicos de sua produção.
No âmbito da música, é fato inquestionável, o aumento da percepção auditiva musical com o tempo dedicado a ouvir, reproduzir e criar sons musicais.
Torna o ouvinte capaz de ouvir e reconhecer arranjos mais complexos e nuances que antes passariam despercebidos.
O próprio hábito de escutar com atenção, presente nos estudantes de música, tem frequência e qualidade maior do no ouvinte leigo.
O mesmo paralelo poderia ser feito nos segmentos das artes plásticas, artes cênicas, e literatura.
Como esse papel do ensino das artes não é suficientemente valorizado na educação básica e ensino médio, é indispensável que todo artista, juntamente com o seu fazer artístico, promova de alguma forma o ensino e a democratização de acesso a ele, da arte que pratica ou de outras artes. Esse trabalho é imprescindível, tanto como o motivo primeiro.
E se realmente se acredita no poder transformador da arte, valorizar e promover o seu ensino é a prova desse crédito.
Com as distinções sociais e de acesso, em um país cada vez mais desigual, sem essa promoção de atividades docentes das artes, o artista pode enfrentar uma realidade, se é que já não enfrenta, de conseguir um aprimoramento técnico e artístico, mas não conseguir encontrar um eco do seu valor na sociedade, seja pelo lado financeiro ou, simplesmente, pelo reconhecimento público do seu complexo e difícil trabalho.
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