“O papel da escola na questão ambiental”, por Werney Serafini
Variações climáticas, aquecimento global, desmatamento, poluição de rios e oceanos entre outros, são temas frequentes nas discussões sobre a questão ambiental.
A comunidade cientifica considera que a temperatura da Terra aumenta gradativamente em razão da intervenção humana na natureza. Céticos defendem que o Planeta passa por um período cíclico de alterações climáticas, ocorrência natural e normal. Outros, consideram que a ciência e a tecnologia serão preponderantes no controle dos fenômenos e das alterações climáticas.
Ninguém, ou quase ninguém, duvida que o meio ambiente sofre os efeitos da poluição e que os recursos naturais são consumidos rapidamente. O fato é que a conta não fecha, tampouco os argumentos dos que acham que tudo pode em favor do crescimento econômico e dos que acham que nada pode em favor da preservação.
Controvérsias à parte, é preciso aprender a utilizar a natureza com inteligência e parcimônia, com responsabilidade e visão de futuro.
No centro da questão, está a escola e a escolarização das pessoas. Isso não significa que pessoas escolarizadas deixem de cometer danos ao ambiente, mas sem a escola, os avanços ficam difíceis, pois a escolarização proporciona conhecimento e valores para o indivíduo.
Para utilizar racionalmente os recursos naturais, é necessário o entendimento dos processos ecológicos. O equilíbrio é delicado, uma mexida aqui interfere acolá. Abelhas somem, sapos e rãs desaparecem, insetos proliferam e por aí segue. Ao que se sabe, foi a baixa densidade demográfica e a falta de maior tecnologia que impediu as sociedades primitivas destruírem a natureza.
Sem pesquisa e estudos científicos, não são compreendidos os ciclos naturais e seus desequilíbrios. Sem ensino de qualidade para todos, não são entendidas as manifestações da ciência. Sem escola, a percepção chega somente aonde o olhar alcança e assuntos complexos não são visíveis ao primeiro olhar.
O indivíduo escolarizado valoriza o futuro. Pensa nos filhos, nos netos e no planeta que deixará para eles. Pessoas com escolaridade avaliam melhor seus governantes, escolhem aqueles comprometidos com o interesse coletivo. A educação reduz as explosões demográficas, aumenta a intolerância com o ilícito.
A escola promove ações coletivas, fazendo com que a confiança e a colaboração entre todos, mesmo sem garantia de que todos farão o mesmo, ao serem realizadas, priorizem o interesse coletivo.
Em relação ao meio ambiente, esse procedimento sem garantia de reciprocidade é fundamental, dada a dificuldade de se fiscalizar o que as pessoas fazem de bom ou de ruim para o ambiente.
Muito terá que ser feito para evitar o uso desmedido e degradador da natureza. Isso é nitidamente percebido em municípios como Itapoá, onde o patrimônio natural sofre agressões, muitas vezes abusivas, do acelerado crescimento econômico e demográfico.
Seguramente, a conservação do patrimônio natural será infinitamente difícil, senão impossível, se for pouca ou ruim a educação.
Portanto, é necessário vontade política, engajamento e liderança dos gestores para “desenvolver ações permanentes de educação ambiental comunitária para a conservação da floresta da Mata Atlântica e a proteção de nascentes, mananciais e ambientes costeiros” ¹.
¹ manifesto aos candidatos e candidatas de Itapoá nas eleições de 2020 (ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental).
Itapoá (outono), maio de 2021.
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