“Relevância e publicidade”, por Mutti Kirinus
Em tempos em que se pode publicar a qualquer momento qualquer texto ou imagem, é interessante pensar sobre a relevância de tais publicações e também na consequência de termos diariamente acesso a essa enorme quantidade de publicações. Muitas vezes o excesso de pequenas informações, sem levar em conta a indústria de desinformação dos chamados fake news, pode tirar o foco e a atenção daquelas informações que seriam realmente importantes para determinada pessoa.
Não é também estranho acontecer na internet de algo ter um alto grau de publicidade sem o menor conteúdo. A viralização da música Caneta Azul pode-se usar como exemplo. Ela não tem uma qualidade poética ou mesmo musical que justifique seu sucesso, mas por algum motivo alcançou um grau de publicidade enorme, mesmo que por um tempo breve.
Sites, fanpages e canais que tratam de assuntos com conteúdo cultural relevante perdem na maioria das vezes para outros sem conteúdo nenhum. Vejo artistas que produzem música, ou outros produtos artísticos e culturais de altíssima qualidade, que são referência no segmento artísticos a que pertencem, e não conseguem chegar ao número mínimo de inscritos para monetizar seu canal do Youtube, por exemplo.
É claro que este fato não tira o mérito destes artistas ou produtos culturais, mas nos faz refletir sobre esta ferramenta de comunicação das redes sociais, no seu sentido, valor, e no modo que eu a uso. Vale a pena estar distraído por inúmeras imagens, posts e mensagens muitas vezes banais ou ir, através da web mesmo, atrás de conteúdos mais relevantes para mim e para a sociedade.
Assistindo o documentário sobre as redes no NetFlix, é curioso saber como as escolhas do que recebe na sua rede são feitas, através do tal algoritmo que tem acesso aos seus dados, cliques, palavras mencionadas, etc. Estas escolhas são feitas principalmente por interesse comercial, mas que também afeta o aspecto ideológico, político e social. Também é curioso o fato dos grandes empreendedores dessas plataformas não deixarem seus filhos participar delas. De qualquer forma, se ela me oferece pouco conteúdo e enorme número de informações não úteis, ela está tendo um papel mais alienante que formativo.
A internet como rede de informações, quando bem usada pode ser uma ferramenta muito útil e importante no desenvolvimento pessoal e profissional de cada indivíduo. No entanto, é preciso ter autonomia sobre essa ferramenta, consciência e senso crítico. Caso contrário ao invés de usá-la podemos ser usados por ela.
Uma alternativa imediata é ver o que e quais informações recebidas na sua rede tem um aspecto de relevância. E se você deu importância ao que tinha um aspecto mais relevante, se leu, procurou saber… pode-se chegar à conclusão que vale mais a pena ir atrás, por conta própria, destes conteúdos, do que receber uma enorme quantidade de informações que você não escolheu. No fim das contas, se tudo afeta nossa mente e imaginação, não existe uma opção para ‘desver’ isso. E por menos que uma postagem possa não causar dano ela tomou no mínimo seu tempo e atenção.
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