Familiares da vítima de assassinato que chocou a comunidade itapoaense clamam por paz e justiça
Há pouco mais de 14 anos, no dia 07 de agosto de 2006, o Brasil dava um passo decisivo e de extrema relevância no combate à violência contra a mulher, ao ser sancionada a Lei Maria da Penha, que prevê penas maiores para alguns crimes desse tipo. Exatamente 14 anos depois, no último dia 07 de agosto, Itapoá ficou chocada justamente com um ato violento que vitimou duas mulheres, sendo que uma delas infelizmente veio a óbito.
Na tarde daquela sexta-feira (07/08), Sonia Regina Barboza da Silva, de 40 anos, moradora do bairro Itapema do Norte, foi visitar sua filha, Evelyn Regina Martins, de 19, que mora no balneário Palmeiras. De acordo com familiares das duas, o vizinho e militar reformado das Forças Armadas, José Gonçalves de Lima, de 47 anos, implicou com elas. “Nunca houveram brigas. A Evelyn só seguia a vida dela. Sei lá o que ele tinha, porque toda vez que o neném chorava, ele se incomodava. Qualquer coisinha, ele se incomodava. No dia do ocorrido, elas saíram e ele começou a cuspir no chão, a encarar. Foi aí que houve a primeira e única discussão. A gente nem conhece ele”, garante Jessica Martins, irmã de Sonia e tia de Evelyn.
Nessa discussão, segundo familiares das vítimas, teriam ocorrido ameaças de morte por parte do militar, quais motivaram a ida de mãe e filha à Delegacia para o registro de um boletim de ocorrência. Quando voltaram à residência, entre o fim da tarde e o início da noite, o vizinho invadiu o imóvel atirando. Contra a mãe, acertou pelo menos dois tiros (confirmados pelo IML) no peito e na cabeça. Ela não resistiu aos ferimentos e entrou em óbito ainda no local. Moradores da região que preferem não se identificar alegam ter ouvido pelo menos cinco disparos. Não satisfeito, o homem também tentou atirar contra Evelyn, a filha de Sonia, mas a arma falhou (talvez por falta de balas). Então ele passou a agredir a jovem com coronhadas. Ela precisou ser socorrida por outros vizinhos, os quais foram até o imóvel após ouvirem os disparos. Após os primeiros atendimentos em Itapoá, a filha de Sônia foi encaminhada ao Hospital São José, em Joinville. O assassino e agressor deixou o local do crime logo após a ação, levando consigo a arma, um revólver calibre 38, montado em uma moto e sem capacete.
Para Cleberson Barboza, outro irmão de Sonia e tio de Evelyn, o caso deveria ser encarado como feminicídio e a justiça ser feita. “Ele passou por uma criança e disparou várias vezes seu revólver. Acertou minha irmã fatalmente. Minha sobrinha, que estava com um bebê de 10 meses no colo, desviou de balas que foram disparadas na sua direção. O algoz foi atrás dela e tentou terminar o duplo feminicídio. Meu sobrinho de cinco anos tentou acordar sua mãe já sem vida no chão. Uma cena que o assombrará para toda a vida. A dor e desespero assolou várias famílias”, considera. Cleberson não entende quem tenta encontrar uma justificativa para o ocorrido. “Os alvos eram mulheres indefesas. Passado o tempo de flagrante, ele se apresentou à Polícia. Como o juiz havia negado o pedido de prisão preventiva, ele, mesmo confesso, foi liberado e saiu pela porta da frente. Num país em que o pior crime que existe não prende, mas roubo e porte de drogas prendem imediatamente, só nos resta nos esconder e rezar”, conclui.
Um protesto pedindo por mais segurança e justiça em relação ao caso está previsto para ocorrer às 15h do próximo sábado, dia 22 de agosto. A família alerta para que todos os cuidados possíveis em relação à pandemia sejam tomados pelos que desejam participar. Mais informações sobre a ação, que prevê passeata e carreata partindo da Pista de Skate de Itapoá, podem ser acessadas clicando aqui.
A todos os familiares, amigos e conhecidos de Sonia, restaram as boas lembranças de alguém sempre disposta ajudar todo mundo e a incerteza quanto ao futuro sem sua companhia.
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