“Hipocrisia: a arte de exigir dos outros aquilo que não se pratica”, por Thiago Gusso

Substantivo feminino que os dicionários definem como “característica do que é hipócrita, falsidade, dissimulação” e “ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intensões; fingimento, falsidade”, a “hipocrisia” se tornou um paradigma nos dias atuais. Sua origem etimológica vem do grego “hupokrisis”, que era a representação, na Grécia antiga, de atores que usavam máscaras em suas apresentações teatrais. Portanto, pessoas que são uma coisa, mas representam outras, diferentes de si próprias. Não é difícil encontrar na internet, a definição de hipocrisia como “a arte de exigir dos outros aquilo que não se pratica”, cuja autoria aparece como desconhecida.

Nos tempos atuais, ao que parece, a hipocrisia é um padrão comportamental da nossa sociedade. O que mais se vê são, justamente, pessoas que defendem uma postura dos outros completamente diferente daquela que elas mesmo oferecem. É o também conhecido falso moralismo.

Um exemplo claro são as pessoas que bradavam contra a corrupção na política irrestritamente até pouco tempo atrás e, a partir de uma nova configuração política, passaram a não mais fazê-lo. Para além disso, aceitam tal malfeito vindo dos que consideram aliados a seus ideais, opondo-se, inclusive, a investigações e todo o tipo de ação que possa desvendá-la dentro do grupo político ao qual pertencem ou que tem seu apoio. O pretexto? Perseguição!

Há outros dos mais diversos exemplos: algumas pessoas que se dizem extremamente cristãs, mas são a favor de violência e tortura; pessoas que defendem estritamente o que chamam de “família tradicional”, mas são frequentemente flagradas em adultério; ex-inimigos que viram aliados; ex-aliados, inimigos; condenados por corrupção passam a estar do mesmo lado e ter a aprovação de quem dizia que iria combate-la; velhas práticas antes tão condenáveis passam a ser defendidas; discursos passam a ser alterados. As contradições são sem fim.

Na homilia (pregação) de uma missa em outubro do ano passado (2019), o Papa Francisco fez algumas considerações bastante relevantes sobre o tema. E as fez, baseado, é claro, em uma interpretação cristã e católica. “A hipocrisia é a linguagem do diabo, é a linguagem do mal que entra em nosso coração e é semeada pelo diabo. Não se pode viver com pessoas hipócritas, mas elas existem. Jesus gosta de desmascarar a hipocrisia. Ele sabe que será precisamente esse comportamento hipócrita que o levará à morte, porque o hipócrita não pensa se usa meios lícitos ou não. Vai em frente: calúnia? ‘vamos caluniar’; falso testemunho? ‘busquemos um falso testemunho’”.

Assim sendo, é possível associar a hipocrisia, também, ao que considero ser um dos piores problemas do mundo contemporâneo: as “fake news”. Sim! Porque, em sua ampla maioria, dizem respeito a falsos testemunhos (mentiras) e a calúnias (ataques) contra quem pensa diferente.

Acredite: é melhor ser rejeitado por ser sincero do que ser aceito sendo hipócrita.

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Thiagão

Jornalista pela PUC/PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) com pós-graduação em Marketing Empresarial pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Thiago Gusso já trabalhou em importantes projetos de comunicação de Curitiba (PR) e Itapoá. Atualmente, responde pela Direção do site Tribuna de Itapoá e do jornal impresso Itapoá Notícias, nos quais segue também em sua atuação como jornalista. E-mail: thiago@itapoanoticias.com

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