Escola de Música completa 11 anos “Tocando em Frente”
Tocar em frente em um momento como este que estamos vivendo é quase um lema de sobrevivência. Isso não significa que devemos ignorar as dificuldades, passar por cima da prudência e simplesmente atropelar o que vem pela frente. Tocar em frente é, sobretudo, reconhecer a existência e o tamanho dos problemas quando eles existem, agindo sempre no sentido de minimizar as consequências. Parafraseando a famosa canção de Almir Sater, tocar em frente é o andar devagar de quem já teve pressa e chorou demais. E seguindo a paráfrase, o tempo nos deixa mais fortes, levando a certeza de que pouco ou nada sabemos.
“Tocando em Frente” é a citada canção e também o nome da Escola de Música que, neste sábado, dia 06 de junho, completa 11 anos de atuação com a realização de importantes projetos culturais em Itapoá.
Helmuth Kirinus (o professor Mutti) que administra a Escola juntamente com Luci Kirinus (a Nena) conta como ela surgiu. “Eu já estava trabalhando com aulas de música no projeto Segundo Tempo, para a Prefeitura Municipal desde 2007. Surgiu, ao mesmo tempo, a necessidade de manter alunos particulares e conseguir mais alunos, pois a remuneração via Prefeitura era insuficiente para nossa sobrevivência. Fomos oferecer aulas de violão em turma para a Paróquia Imaculada Conceição. ‘Faço questão’, disse-nos o padre Dejacir Pinho na época. ‘Tocando em Frente’ foi o nome que ele mesmo sugeriu, e ficou assim batizada essa história que completa 11 anos”, comenta Mutti se referindo ao dia 06 de junho de 2009.
Através das aulas e atividades extras, os alunos se mantiveram por bastante tempo estudando e a demanda positiva permitiu que Helmuth, como professor, pudesse declinar das aulas pela Prefeitura, que estavam sendo mal remuneradas. Assim, ele passou a se dedicar ao estudo do violão em Joinville, na conceituada Escola de Música Villa Lobos. Com o tempo, a Escola de Música itapoaense precisou de um novo local e assim surgiu a sede, na Rua do Peixe, nº 305, onde se encontra até hoje.
De lá para cá, desenvolveram os diversos e já famosos projetos culturais: Corais Vozes da Babitonga e Sementes do Amanhã, patrocinados pelo Porto Itapoá, via lei de incentivo federal; Projetos Violão para Todos e Orquestra Sua Majestade o Violão, patrocinados pelo Terminal Gás Sul e Golar Power, via lei de incentivo federal, e também com uma participação do Porto Itapoá; noites culturais sempre patrocinadas pelo Porto Itapoá via incentivo federal; concertos matinais, viabilizados pela Prefeitura de Itapoá; Projetos Leitura 3 Afluentes e Ecos da África, integrantes do edital Elisabete Anderle do Governo do Estado, com encontros que ocorrem no Centro Cultural IGG; Projeto Sua Majestade o Violão, pelo mesmo edital Elisabete Anderle; e aulas diversas no Centro Cultural IGG.
Mas nesse tempo de pandemia, é claro, a Escola de Música Tocando em Frente trabalha de forma adaptada. “Estamos com trabalho redobrado devido as adaptações das aulas para o modo remoto, via internet. No entanto, é uma satisfação poder entrar em contato com as pessoas nas suas casas e saber que estamos contribuindo para sua evolução e também para o seu isolamento de uma forma saudável”, conta Helmuth.
Diversos alunos e ex-alunos se mostram bastante gratos pela diferença que a Escola de Música Tocando em Frente fez em suas vidas ao longo desses 11 anos de existência. É o caso da comunicadora e musicista Maria Vitória Zeni Machado, que foi aluna da instituição do início de 2010 até o início de 2013. Segundo ela, foram anos de muito aprendizado. “Sempre gostei de música e de cantar. Meu avô era músico, minha vó toca piano, então eu sempre tive muito contato pela minha família. Aprendi os meus primeiros acordes com o Mutti e, também, depois de um tempo, como o Mutti e a Nena tocavam em algumas missas ali na Igreja Matriz, eles me chamaram para cantar os salmos com eles e, na primeira vez, já adorei e comecei a cantar mais e mais. Com o tempo, fizemos várias apresentações. Foi um momento muito legal da minha vida e que eu guardo com muito carinho. Foi aí que eu comecei a cantar e eu canto até hoje. E quando eu falo que esse foi um tempo de muito aprendizado, isso não se restringe à parte musical. Eu sinto que ganhei muito como pessoa durante esses anos que fui aluna da Tocando em Frente.”, considera Maria Vitória.
Aluna da Escola de Música Tocando em Frente desde abril de 2014, Aurea Carolina Del Andrea até hoje integra a Orquestra Sua Majestade o Violão. Ela não poupa elogios à importância da instituição. “Não sei se existe um número finito de palavras para descrever a importância que é o aprendizado musical. Há um tempo, li uma frase que diz ‘aprender música é como aprender um novo idioma’. De fato, toda a dedicação, concentração, prática e treinamento necessários para aprender um idioma se aplica à música. É uma das formas que nós conseguimos canalizar sentimentos e os transformar em arte, seja tocando ou compondo. É, de fato, uma arte que há seis anos, eu não tinha ideia, mas quando a professora Luci e o professor Mutti me deram a oportunidade em aprender e o espaço para progredir, se tornou parte de mim”, conta ela, que ano passado (2019) conseguiu a aprovação no Vestibular de Música da UEL (Universidade Estadual de Londrina). “As aulas na Escola de Música foram essenciais para isso, porque nós já devemos saber tocar para fazer o vestibular”, conclui.
Renato Gabriel Rolim Vieira foi aluno da Escola entre 2010 e 2013. Hoje é músico e professor. Ele também comenta a importância da Escola de Música Tocando em Frente na sua vida. “Foi essencial para minha carreira. Acabei tomando a decisão de cursar Faculdade de Música em 2017. Estava cursando o segundo ano de Engenharia Mecânica, em Joinville, e tranquei para prestar vestibular na UFPR. Todo o conhecimento que tive da Escola foi essencial para estudar para a prova específica do vestibular. Antes, eu já tocava violão, mas tinha aprendido em casa e um conhecimento bem básico. Ao entrar na Escola, estudei ritmo, teoria, técnica de violão e tudo isso me ajudou a ingressar no curso que estou fazendo hoje (parado no 3º Ano, devido à pandemia)”, comenta. “Gostaria de parabenizar o Mutti e a Nena por tudo que fizeram pelo ensino musical em Itapoá, que por ser uma cidade pequena, sabemos que tem pouca infraestrutura. Nesse tempo de caminhada, eles construíram muitas coisas. Agora, temos vários projetos culturais implementados e a cada ano sei que vão estar crescendo muito”, conclui o ex-aluno.
E é assim neste lema “Tocando em Frente” que a Escola de Música celebra o seu 11º aniversário em busca de continuar crescendo. “A escola pretende seguir disseminando arte, ensino e cultura na Cidade. Neste período de pandemia não se pode ter grandes projeções a não ser a sobrevivência dessas atividades. Apesar da pandemia, temos uma visão otimista. A Pandemia causa uma série de obstáculos para a Cultura, principalmente nas atividades presenciais, mas pode ser um momento de gerar reflexão sobre o seu valor, porque mais do que o simples consumo presente no comércio em geral, os produtos e as atividades culturais possuem um valor que vai além do momento presente e utilidade pragmática. Pode-se dizer, assim, que deveria ter uma maior valorização dentro da sociedade”, conclui o professor Mutti.
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