“O que é certo, é certo”, por Mutti Kirinus

Um filósofo alemão, Walter Benjamin, escreveu certa vez: ‘convencer é infrutífero’. Nada mais verdadeiro pois o fruto almejado é justamente a reflexão. Somente esta pode dar movimento e realizar assim uma transformação positiva na sociedade.

Contrário ao movimento é a estagnação. Convencidos de suas certezas pode-se, ao mesmo tempo em que se busca convencer os outros, não aceitar, nem sequer ouvir, conhecimentos, informações, ou opiniões partilhadas que não concordem com estas certezas. O nome disso é intolerância que, em diferentes níveis fecham qualquer abertura de reflexão com variações de frases sem significado do estilo ‘o que é certo é certo, e ponto final’.

Malvistas pela sociedade de consumo, defensoras e protagonizadoras da dúvida, com método ou sem, a Filosofia e a Arte buscam libertar o ser humano da estagnação. Elas promovem o exercício da dúvida e nos ensinam não somente a pensar duas vezes antes de agir, mas a pensar infinitamente enquanto vivermos.

No entanto, esta ampliação de possibilidades que elas promovem não interessam aos que se beneficiam da alienação das improdutivas certezas. Por isso, além de ocupar o menor espaço possível dentro da nossa formação, isso quando não são excluídas dela, nada hoje promove o contato com a arte verdadeira e com a reflexão filosófica. O trabalho, consumo e o entretenimento, raramente promovem esta abertura.

Na dúvida, reavalie seus conceitos, propósitos, prioridades, certezas, rotinas…, enfim reavalie-se. Somente assim teremos um 2020 melhor que 2019, e assim consecutivamente. Esta é a mensagem de esperança da primeira coluna do ano, pois a ferramenta de transformação está ao alcance de nossas mãos e dentro de nós. Uma excelente leitura e  aberto e renovador 2020 para todos.

Mutti

Mutti

Helmuth A. Kirinus é mestre em Filosofia pela UFPR, formado em gestão cultural e músico. Atualmente coordena 8 projetos via lei Rouanet de incentivo à cultura e 4 via Sistema Municipal de Desenvolvimento da Cultura de Joinville. É professor de violão e coordenador da Escola de Música Tocando em Frente em Itapoá. Atua também como representante técnico do setor Comunicação e Cultura dos projetos do Ampliar pelo Porto Itapoá.

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