Desinformação, Informação e anti-informação, por Mutti Kirinus
Mediante a evolução da rapidez da comunicação nos dias de hoje nos deparamos com os benefícios proporcionados pela mesma, mas também com prejuízos. A definição de informação é, de maneira geral, o relato através de texto e/ou imagens de algo que aconteceu e que tem uma importância para estar sendo divulgada. Ela tem por essência um vínculo com a realidade. Por esse motivo, todo profissional sério da comunicação, necessariamente faz uma checagem dos dados e das fontes antes de executar o seu trabalho de informar. Até esse ponto uma pessoa desinformada era apenas aquela que não possuía o acesso a informação. É claro que esses meios de comunicação na escolha do que informar e o que não informar sempre exerceu sua tirania sobre o senso comum e manipulação de massa.
No entanto, a situação de hoje é ainda mais complicada, pois a facilidade de publicação de imagens e textos sem necessidade de verificação e nem sequer mencionar fontes ultrapassou todos os limites. Se a informação é a divulgação de um fato importante; e a desinformação a falta desta divulgação; a divulgação de algo que não aconteceu e não tem nenhum vínculo com a realidade seria o contrário da informação e não apenas sua ausência, e tem um poder ainda mais alienante do que a desinformação ou informação parcial e seletiva dos fatos. Surgiu assim uma nova possibilidade de instrumento de alienação, a da anti-informação, ou seja, informar com ampla divulgação afirmações e frases que não tem nenhum vínculo com a realidade e muitas vezes são contrárias a ela. Este modelo comunicativo é também conhecido como fake news e causa enormes prejuízos à sociedade como um todo.
Mesmo que por motivos óbvios, a realidade venha impor sua presença e fazer jus ao adágio de que a ‘mentira tem perna curta’. Devido a inúmeras características da sociedade atual cuja rotina não promove momentos de reflexão crítica e conhecimento histórico, aliado ao grande poder de divulgação existente e inédito historicamente, a mentira ganhou um alcance e tempo de duração bem maior até que a realidade possa vir a desmenti-la.
Culturalmente, podemos ver o surgimento de um mundo e universo paralelo ideologicamente criado, mas que ao contrário da ficção presente na arte e na literatura não possui uma intenção libertária. Soma-se a isso o descrédito na atitude filosófica, e até mesmo a científica, de busca e compromisso com a verdade na sociedade de consumo, onde o comércio através do marketing dita as regras do que devemos querer, ter e pensar, com muito mais força do que qualquer legado dos patrimônios históricos e culturais da humanidade.
Iniciamos assim o ano com o otimismo, não pelo novo cenário político e cultural promovido através da anti-informação, mas de que adquirindo consciência sobre nossa época possamos aproveitar dos benefícios tecnológicos que ela proporciona e evitar as armadilhas presente no mau uso destes.
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Perfeito Mutti!!
E o pior nem é a anti-informação por si só, mas o fato de ela ser absorvida e preferida não só por indivíduos que estavam desinformados, mas principalmente por aqueles que estão conscientes da falta de veracidade desta.
Sim, verdade meu amigo. A responsabilidade do compartilhamento dos fakes é do usuário. No final as redes sociais são apenas instrumentos o seu bom ou mau uso depende da ética e responsabilidade de que a utiliza.
Bem colocadas as ideias sobre informação, desinformação e anti-informação no cotidiano dos leitores, a última, infelizmente, está cada vez mais no submundo, acobertadas por políticos nada sérios, incitando tantas ideias que levam a intolerância ao próximo. E o povo já carente de uma boa informação e formação, ajuda na disseminação e na prática de atos que antes lhe fariam pensar duas vezes em fazer.
Parabéns pela luta Mutti!
Obrigado Florise, pela leitura e pelo elogio. Gostei bastante da sua reflexão. Vc não poderia publicar ela na minha página do face, isso sempre ajuda a coluna e a reflexão a caminhar um pouquinho mais. Abs.
Grande Helmuth.
Parabéns por este artigo atualíssimo e ao mesmo tempo sincrônico com a história da humanidade. A luta contra a anti verdade que é mais poderosa do que a própria mentira, pois premissas ou enunciados retirados da própria verdade são usadas para montar a falsa verdade. Na antiga Grécia esta técnica era denominada por sofismo. Um exemplo de sofismo é formulação aparentemente lógica que segue: O mar é feito de água e sal; a bolacha é feita de água e sal; logo o mar é uma imensa bolacha de água e sal.
Assim foi já na filosofia dos antigos gregos onde assistimos a luta dos filósofos autênticos contra os sofistas e demagogos que também se diziam filósofos. A defesa diante desta enganação é o pensamento crítico. Aristóteles chegou a desenvolver regras de lógica ( o silogismo) para analisar e defender os incautos destas anti verdades. As vítimas são as pessoas que não pensam ou não sabem pensar com criticidade e ingenuamente acreditam em tudo que é publicado. Foi assim que pegaram nas redes sociais os eleitores para eleger o maior símbolo do retrocesso, da ignorância e obscurantismo. Mais uma vez parabéns pelo artigo.