Itapoá Notícias entrevista Tenente Lima, comandante da Polícia Militar de Itapoá
Natural de Clevelandia, no Centro Sul do Paraná, o Tenente Richardson Bortolini Lima, de 37 anos, tem sob sua responsabilidade o comando da Polícia Militar em Itapoá, onde está lotado desde 19 de setembro de 2016. A história dele na PM, porém, começou três anos antes. No dia 05 de agosto de 2013, Richardson entrava para a Escola da Polícia em Florianópolis, onde ficou dois anos antes de ser transferido para Curitibanos, na região Serrana de Santa Catarina. “Um ano e dois meses depois, consegui transferência para cá [Itapoá]. Minha família mora em Guaratuba [PR] e aqui é mais perto”, explicou. Confira a entrevista que ele concedeu ao jornal Itapoá Notícias:
Itapoá Notícias: esse é seu primeiro trabalho de comando?
Tenente Lima: eu já fui Chefe da Agência de Inteligência, Corregedor, e Chefe do Comando de Patrulhamento Tático de Curitibanos. Depois disso, quando saiu minha transferência para Oficial, assumi o P4, que é a parte logística financeira. A gente fala que é o coração do Batalhão. Ali se aprende bastante.
IN: quantos trabalham no Pelotão de Itapoá?
Tenente: estamos em 26 policiais, mas é importante que a população entenda que, para eu ter uma viatura rodando com dois PMs 24 horas por dia, no mínimo, eu preciso de oito policiais. São oito que ficam ali, daí eu tenho um que atende trânsito, tem mais um do P3, que é rede vizinhos e a parte de instruções. Aí, já vão mais quatro. Ainda tenho dois P2, que são da Agencia de Inteligência e o monitoramento, que não posso deixar sem ninguém e preciso de, ao menos, um policial por turno, ou seja, mais quatro para rodar 24 horas. Um número bom de policiais seria uns 35, porque também precisamos considerar as questões de férias e licenças.
IN: a sede da PM em Itapoá é adequada?
Tenente: o quartel não é nosso, é alugado, mas estamos em tratativas com a Prefeitura para iniciar a construção de uma sede própria da PM ano que vem [2019]. O Prefeito assinou tudo [em relação à cessão do terreno], eu fiz o processo e mandei para o Estado [que financiaria a construção]. Porém, na lei municipal, o Estado teria que começar a construir em três anos, senão o terreno voltaria para a Prefeitura. O Estado não aceitou naquele formato e estamos em novas tratativas. Está caminhando. O terreno fica no Caminho da Onça, bem no meio da Cidade. Via ampla e de fácil acesso para os dois lados [norte e sul]. Hoje, na Operação Veraneio, os PMs ficam jogados nas escolas. Não há espaço para assumir o serviço, ficam amontoados.
IN: quando você chegou para trabalhar em Itapoá no ano de 2016, em que situação você encontrou a PM e a segurança pública local como um todo?
Tenente: encontrei um caos aqui. Acostumado que lá [em Curitibanos], tínhamos bastantes viaturas, policiamento tático e bastantes policiais. Não havia assalto e nem homicídio lá. Era mais briga de faca em bailão e perturbação. Cheguei aqui, e já estava em 19 o número de homicídios [no ano], sem contar os quase mortos [cinco feridos em Itapoá morreram em Joinville]. Aqui, haviam facções se matando, roubo um atrás do outro, estava bem crítica a situação. Os policiais estavam desmotivados, não tinham aquele ânimo de vir trabalhar. Então, eu vinha de madrugada, a hora que fosse, e o pessoal começou a se animar. Era roubo de banco, homicídio, o que fosse, e eu estava acompanhando. Os policiais de folga também vinham ajudar. Foram feitas algumas estratégias quanto ao roubo. De 40 veículos roubados ou furtados – a maioria roubados – recuperamos 39. Neste ano [2018], por exemplo, tivemos só dois. Quanto aos homicídios, devo ao Darci e ao Viana [ambos policiais militares de Itapoá] que fizeram um trabalho sensacional, e ao Ministério Público, que apoiou muito, além, claro, das viaturas que traziam informações. Em 2016, colocamos 16 [envolvidos com os homicídios] na prisão. Eles saíram de um processo e ficaram presos por outro, e já estamos realizando um procedimento para que continuem presos. Outro trabalho muito bacana é a fiscalização das medidas cautelares. Uma coisa que precisamos trabalhar é em relação à violência doméstica. Os números aumentaram em Itapoá no que diz respeito à Lei Maria da Penha. Mas [em termos gerais], a segurança pública de Itapoá melhorou muito. Ficamos até espantados por termos alguns dias muito calmos. Mas sempre falo que o trabalho não é só da PM. A população começou a ver que na segurança pública havia uma pontinha que ela precisava integrar. Hoje, temos 29 redes de vizinhos que nos auxiliam.
IN: e quais os desafios que a PM local enfrenta?
Tenente: o desafio, agora, é baixar o número de furtos. No ano passado [2017], tinha dado uma melhorada, mas neste ano [2018] piorou. Onde há as redes de vizinhos, melhorou cerca de 90%, mas no município inteiro, essa diminuição foi de apenas 3%. Os furtos são para trocar por pedra de crack, então o tráfico de drogas acaba sendo o carro chefe. Tem um [ladrão de residências] que já foi preso mais de 20 vezes, mas não fica preso por causa da política de carceragem. Está lotado e não vão tirar um homicida para colocar um usuário.
IN: em uma conversa que tivemos em 2016, o senhor comentou sobre a intenção de transformar o Pelotão de Itapoá em uma Companhia. Essa intenção ainda existe?
Tenente: sim. Agora, está mais próximo, porque antes nossa sede era em São Francisco do Sul. Em maio [2018], a subordinação mudou para Joinville, ao 8º Batalhão. A 3ª Companhia de Joinville foi meio que desativada e transferiram o pessoal para a 2ª, mas transferiram o Pelotão de Itapoá justamente para a 3ª, que agora só tem Itapoá e Garuva. Nossa briga, agora, é apenas para transferir a sede de Joinville para cá. Isso muda para a gente no aspecto político, porque o Comando da PM e o Governo vai nos enxergar melhor na hierarquia institucional.
IN: quais suas considerações finais?
Tenente: eu senti que não só os policiais, mas a própria população se aproximou demais e nos ajuda. A segurança publica não é só a Polícia Militar ou Civil, mas também a população. Sem ela, não fazemos nada. Senti essa aproximação que não havia antes. Agora vemos o “cuidar não só de você, mas do próximo”. Na última reunião do Conseg [Conselho Comunitário de Segurança] de Itapoá, bastante gente participou. A Rede de Vizinhos também tem cada vez mais gente interessada. Antes, recebíamos muitas críticas, agora percebemos mais sugestões.
Leia também:
Terminal bateu seu marco de maior número de contêineres movimentados no mesmo navio: 3.371 unidades Novembro (2024) foi mais um mês de recordes no Porto Itapoá. No dia 11, o Terminal bateu seu marco de maior número de contêineres movimentados no m...
Com essa ampliação, o Terminal agora conta com 3.432 tomadas em operação, consolidando-se como o maior em capacidade de SC O Porto Itapoá finalizou a primeira fase de sua expansão de tomadas para contêineres refrigerados (reefers), com a instalaçã...
Os governadores de Santa Catarina e do Paraná firmaram acordo para que uma obra de infraestrutura que beneficiará os dois estados ponha fim à briga judicial sobre os royalties de petróleo entre ambos. Desde o ano de 1991, Paraná e Santa Catarina s...