Saudemos a saúde, por Thiago Gusso
Inauguração de um novo posto de saúde e terceirização dos serviços médicos de emergência. Será que estamos vivenciando, realmente, uma revolução nos serviços públicos de saúde em Itapoá? Eu vejo tudo isso com alguma desconfiança: nesse aspecto, sou um pouco discípulo de São Tomé, que só acreditou vendo. Mas o discurso da Prefeitura local é exatamente esse, de que se trata de um passo gigantesco para a saúde itapoaense.
Recentemente, estive com minha mãe para um atendimento médico no PA (Pronto Atendimento). Com um ambiente lotado de pessoas sentindo dores, tossindo e reclamando (com razão) da demora, víamos funcionários e servidores de todos os escalões se dedicando ao máximo. O fato não bastou para que nós e quem mais, como nós, aguardava atendimento deixasse de gastar cerca de três horas para tal. Duas dessas horas somente para a triagem (que serve justamente para agilizar a identificação de quem está em situação mais grave e, por isso, tem prioridade no atendimento médico).
Após reclamação pública na rede social Facebook sobre o tema, recebi o contato de outras pessoas que levaram até mais tempo para serem atendidas ou tiveram outro problema em relação à precária infraestrutura de saúde pública em Itapoá. Também, recebi a reclamação de alguns trabalhadores da área, que acreditaram que eu estaria desvalorizando o trabalho deles. Muito pelo contrário, reafirmo que não tenho nenhuma reclamação a respeito disso, mas sim em relação a um sistema de saúde precário no âmbito nacional, que já não atende sua demanda a contento (por falta de estrutura) e vem apresentando sérios cortes de investimento por parte do Governo Federal, que o financia em grande parte.
Essa demanda na Saúde, aliás, só serve de barganha eleitoreira. Todos têm belas promessas. No papel, é lindo, mas na prática, só decepções. Tanto com a Saúde, como em vários outros segmentos das três esferas de Governo.
E esse não é o único serviço público que vive com sérios problemas. Em Itapoá, como exemplo, temos também a triste angústia vivida pelos universitários, que acreditaram na continuidade do transporte, que há décadas vinha sendo ofertado; também dos munícipes que veem suas ruas deteriorando frente à falta de manutenção adequada; e aquele dos filhos que, como eu, incentivaram seus pais buscarem em Itapoá dias de paz, não proporcionados pela falta de efetivo policial (outra classe que se doa incondicionalmente ao Município, mas não tem pessoal suficiente – essa por incompetência do Estado).
Enfim, esperanças a gente sempre tem, e cada novidade apresentada nos impulsiona a acreditar um pouco mais, apesar da total descrença com a forma que se faz política atualmente em todo o País.
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