Mais poluição, por Werney Serafini

Não bastasse mar e rios poluídos por uma infinidade de produtos, descobre-se agora mais um poluente: os microplásticos, minúsculas partículas oriundas da fragmentação do plástico lançado no ambiente.

Estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Ciências do Mar da Universidade Federal de São Paulo, campus da Baixada Santista, constatou a existência de partículas de microplásticos, com tamanho inferior a cinco milímetros, nas areias das praias e rios brasileiros. Com um sério agravante: em quantidades significativas.

Peixes de água doce e organismos marinhos, ao ingerirem os microplásticos, são vitimados pelos efeitos tóxicos do material, especialmente os moluscos apreciados na alimentação humana, mexilhões por exemplo.

Os resíduos maiores, como as sacolas e garrafas PET, são fáceis de serem vistos e retirados das praias, mas os microplásticos são praticamente impossíveis de serem removidos face ao diminuto tamanho, o que os torna imperceptíveis a olho nu, observa o professor Luiz Felipe Mendes de Gusmão, coordenador das pesquisas realizadas.

Informa, que o efeito nocivo do plástico nos ambientes marinhos é potencializado, pois a maioria dos polímeros, como o polipropileno e o poliestireno, degradam lentamente e, por serem extremamente leves, flutuam ao sabor das correntes oceânicas por muito tempo.

Metais pesados e pesticidas, presentes no ambiente aquático, aderem à superfície do plástico, podendo atingir concentrações altíssimas. O plástico, por sua vez, contém em sua composição diversos corantes, dispersantes e protetores contra raios ultravioletas que, com o passar do tempo, liberam contaminantes no ambiente. Quando ingeridos, são liberados no tubo digestivo dos animais, intoxicando-os.

A poluição dos mares mobilizou a ONU, que está lançando mundialmente a campanha “Mares Limpos”. Durante cinco anos, desenvolverá ações com o propósito de conter a maré de plásticos que invade os oceanos atualmente. No Brasil, terá como objetivo mobilizar governos, parlamentares, sociedade civil e setor privado, para fortalecer as ações que possam reduzir a contribuição do País ao problema global dos resíduos plásticos que invadem os oceanos. Pretende obter uma drástica redução do uso de plásticos descartáveis, o banimento das microesferas de plástico nos cosméticos e produtos de higiene, além de apoiar o “Plano Nacional de Combate ao Lixo do Mar”, desenvolvido e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente.

Segundo o professor, discute-se muito como diminuir os impactos causados pelos resíduos plásticos nos ambientes fluviais e marinhos. No entanto, a consequência mais danosa, a poluição por microplásticos, representa um problema muito mais sério.

A solução será repensar a cadeia de produção do plástico, procurando formas de reduzir a possibilidade de ele chegar ao ambiente na condição de resíduo poluente.

Itapoá (Primavera) outubro de 2017.

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Werney

Werney Serafini é presidente da Adea – Associação de Defesa e Educação Ambiental. Acredita no desenvolvimento de Itapoá com a observância de critérios ambientalmente adequados.

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