“Correndo feito uma múmia”, por Flavio Martelozo

Brincadeiras à parte, o título desta publicação faz referência às bandagens elásticas utilizadas por atletas profissionais ou amadores.

Durante os jogos olímpicos do Rio de Janeiro imagens de atletas com bandagens coloridas aplicadas em diversas regiões do corpo, como tornozelo, joelhos, ombros, coluna, etc; não eram incomuns.

Trata-se da bandagem neuromuscular, um método desenvolvido no japão na década de 1970. Essa técnica se baseou na hipótese de que as disfunções musculares estavam além de apenas movimentos e sim no controle da circulação, temperatura corporal e outras disfunções neuromusculares.

Atualmente, essas bandagens são largamente utilizadas pela fisioterapia desportiva em tratamentos e/ou procedimentos preventivos, trazendo diversos benefícios como alívio da dor, melhora na contração muscular, evitando extiramentos excessivos durante a prática de esportes. Melhora a circulação sangüínea e linfática, ajudando na redução de edemas; auxilia na liberação de aderências, reduzindo a fadiga muscular; e promove alinhamento articular, ajudando na estabilidade das articulações e na correção postural.

Esse método ganhou certo destaque entre os atletas amadores, especialmente após a transmissão dos jogos olímpicos no Rio de Janeiro, mas um alerta deve ser feito.

O material utilizado para esse trabalho é uma bandagem de algodão e elastano, fina, de baixo peso, com boa elasticidade. É encontrada facilmente em lojas de artigos esportivos, lojas de suprimentos médicos e fisioterapêuticos e pela internet.

Na internet, também é fácil encontrar vídeos e tutoriais mostrando aplicação destas bandagens e é aí que está o problema. A aplicação da bandagem neuromuscular deve ser feita de forma criteriosa, pois existem várias técnicas, com variação do sentido da aplicação e da tensão exercida pela elasticidade da mesma. Tem sido muito comum, as pessoas comprarem esse artigo e fazerem a auto-aplicação sem saber como, onde e porquê.

A aplicação inadequada desta técnica pode levar ao aumento da tensão muscular, provocando dor e fadiga, levar à compressão dos vasos sangüíneos superficiais, prejudicando a circulação e aumentando o risco de edemas e outros distúrbios circulatórios, pode também provocar tensão excessiva sobre as articulações, produzindo o desalinhamento biomecânico das mesmas, o que contribui para o aparecimento de inflamações articulares e, em casos mais graves, o desgaste precoce das articulações.

A bandagem neuromuscular não pode e nem deve ser vista como um recurso que; “se não fizer bem, mal também não faz”, faz sim e muito, como foi descrito acima. A técnica requer uma consulta prévia para avaliar a real necessidade de sua aplicação, bem como a técnica a ser utilizada, portanto fica o alerta para evitar auto-aplicação, procure um profissional habilitado, neste caso não basta ser um profissional da saúde, o mesmo tem que ter participado de cursos de capacitação, pois se trata de um conhecimento específico.

Lembre-se que a função da bandagem é prevenir e/ou auxiliar no tratamento de uma possível disfunção muscular e não transformar o atleta em uma “múmia” cheia de “faixas”.

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Flavio Martelozo

Flávio Rosa Martelozo, fisioterapeuta formado pela PUC-PR (2000), especialista em Fisiologia do Exercício pelo Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Extensão (2002), Curso de Extensão Universitária Em Fisioterapia Traumatológica e Ortopédica pela Faculdade Evangélica do Paraná (2004), Especialista em Acupuntura pelo Instituto Brasileiro de Terapias em Ensino (2012). Atualmente, trabalha como profissional autônomo em consultório próprio, e em parceria com empresas de Florioanópolis em Cursos, Assessorias e Perícias em Fisioterapia. Ele escreve o Momento Acori, coluna com dicas da Associação dos Corredores de Itapoá.

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