Desgovernado, por Thiago Gusso
Confesso que desde o início do Governo Federal que aí está, eu nada de bom esperava por iniciativa própria desse. Para mim, é muito claro que se trata de uma forma de governar voltada a interesses próprios, despreocupada com a opinião pública e com o bem estar da população que não o elegeu, pelo menos não diretamente. Apesar do índice extremo de rejeição, ainda há quem defenda a atual situação, mais por acreditar que o projeto oferecido seja o ideal do que acreditar nas pessoas que o conduz.
Algo que me espanta muito é o apoio que esse Governo tem dos outros poderes constituídos, que tudo aprova e nada fiscaliza a contento. Não consigo entender algumas situações recentes, como os diversos encontros do Presidente com os membros das comissões que irão analisar processos de seu interesse pessoal. Não consigo entender que uma Comissão de Ética do Senado, mesmo com provas robustas acerca de atos ilícios, arquive processo contra um Senador sem qualquer argumento minimamente convincente. Sinceramente, não consigo…
Não bastasse tudo isso, alegando falta de recursos, a força tarefa da Lava Jato foi destituída justamente quando surgem escândalos de corrupção contra os que estiveram, mas principalmente, os que estão no Poder. É incompreensível que diante de problemas tão graves, os movimentos populares não tenham tomado as ruas, como aconteceu recentemente, em ação que contribuiu para o “impeachment” da ex-presidente.
Infelizmente, as autoridades políticas do País estão totalmente desacreditadas e aparentemente muito pouco preocupadas na repercussão de seus atos. São eles próprios quem se julgam e decidem, entre si, após muito diálogo e acordos, o destino de cada um dos seus que seja flagrado em atos ilícitos. Apesar disso, por algum motivo que desconhecemos, parece haver um racha entre aqueles que apoiam o atual Presidente, mas certamente, mais uma vez, o interesse não deve ser atender aos anseios do povo e, sim, tentar dar governabilidade ao grupo político que está no Poder.
Independente do que ocorra em relação ao Presidente da República, tendo em vista seu iminente julgamento pelo Poder Legislativo em breve, o sucessor presidencial já deu várias pistas de que manteria a mesma linha, guiando o País em benefício dos próprios políticos, sem se importar com quem os elegeu. Resumindo, a discussão gira em torno de quem encabeçará a gestão do Executivo Federal e não em como atender aos anseios da população.
Diante de tudo isso, não tenho dúvidas de que até uma nova eleição, provavelmente só em outubro de 2018, não há qualquer expectativa de mudança nesse cenário político. A dúvida que tenho é se a amarga experiência que estamos vivenciando servirá de lição para que votemos com mais consciência ou se até as próximas eleições já teremos esquecido de tudo o que passou e elegeremos os mesmos corruptos de sempre.
Tento ser otimista, sem deixar de olhar para a realidade. Quero muito estar errado, mas isso só o tempo dirá. Então, aguardemos!
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