Uma conta que não fecha, por Werney Serafini
Aquecimento global e alteração climática é assunto controverso. Para alguns, a temperatura da terra aumenta por influência humana. Para outros, o planeta passa por um período cíclico absolutamente natural.
Divergências a parte, poucos discordam que o meio ambiente está ficando comprometido e que os recursos naturais são consumidos rapidamente.
Segundo o economista Cláudio de Moura Castro, essa “conta ecológica” não fecha. Tampouco os argumentos dos “ecoirresponsáveis” e dos “ecobobos”, dos que acham que tudo pode em favor do crescimento econômico e dos que acham que nada pode em favor da conservação e preservação.
Sugere que a solução, ou a possível solução, está no “caminho do meio”, ou seja, aprendermos a utilizar a natureza com parcimônia e inteligência. E, por minha conta, com responsabilidade e visão de futuro.
No centro do debate, surge à escola e a escolarização das pessoas. Não significa que pessoas escolarizadas não cometam danos ao meio ambiente, mas que sem a escola, os avanços se tornam difíceis, pois ela proporciona conhecimento e valores para os indivíduos.
Utilizar racionalmente os recursos naturais implica no entendimento dos processos ecológicos. Foi a baixa densidade demográfica e a falta de tecnologia que impediu os povos primitivos destruir a natureza.
O equilíbrio é delicado: uma mexida aqui estraga acolá. Abelhas somem, sapos e rãs desaparecem. Nos lagos da Nova Inglaterra, os pássaros migratórios escasseiam, porque os lobos foram eliminados, a população de cervos cresceu sem controle e está faltando sementes para alimentar os pássaros. E por aí segue.
Sem pesquisa cientifica não são compreendidos os ciclos da natureza e os seus desequilíbrios. Sem ensino de qualidade, e para todos, não são entendidas as explicações dos cientistas. Sem escola, a percepção chega somente aonde o olhar alcança, e assuntos complexos como aquecimento global não são visíveis a olhou nu. “Se individualmente, destruímos infinitesimamente, nada acontece, mas se, coletivamente, todos destruírem o seu infinitésimo, o resultado será uma catástrofe ecológica”, ensina Moura Castro.
A pessoa com escolaridade valoriza o futuro e, para garanti-lo, dispensa até alguns benefícios imediatos. Pensa no filho, no neto e no planeta que deixará para eles. Não é demais lembrar que pessoas escolarizadas avaliam melhor seus governantes e escolhem aqueles comprometidos com o interesse coletivo.
Pesquisas revelam que a educação reduz as explosões demográficas. Demonstram que a escolaridade aumenta a intolerância para com o ilícito.
A expressão “capital social se associa à propensão para a ação coletiva, confiando e colaborando com os outros, sem a certeza de que os outros farão o mesmo. É a disposição voluntarista de investir no que promove o interesse coletivo”.
Com relação ao meio ambiente, esse procedimento sem garantia de reciprocidade é fundamental, dada à dificuldade de se fiscalizar o que cada um faz de bom ou de ruim para a natureza.
O fato é que muito tem que ser feito para evitar o uso desmedido da natureza. Isso é nitidamente percebido em municípios como Itapoá onde o patrimônio natural sofre os impactos, muitas vezes abusivos, do acelerado crescimento econômico e demográfico.
No entanto, e seguramente, a solução será infinitamente difícil, senão impossível, se for pouca ou ruim a educação.
Itapoá (verão), 2017.
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