Caetano Vargas, campeão catarinense de surfe 2016, concede entrevista à Tribuna
Atleta de destaque no surfe nacional, Caetano Vargas, 29 anos, é natural de Rolândia (PR), mas veio morar em Itapoá, onde começou a surfar para ajudar no tratamento de uma bronquite alérgica e nunca mais parou. A Terceira Pedra, local conhecido dessa prática esportiva no município itapoaense, foi o escolhido por ele para desenvolver suas habilidades no início da carreira, quando já surpreendia pela sua desenvoltura apesar da pouca idade, disputando campeonatos amadores na região.
Campeão paranaense de todas as categorias que disputou antes de se profissionalizar, ele continuou colecionando títulos até o mais recente, no último dia 20 de dezembro, quando se tornou campeão catarinense de surfe profissional 2016, o circuito estadual mais difícil juntamente com o paulista. Confira a entrevista que ele concedeu ao seu amigo Rafael Brito Silveira, a pedido da Tribuna de Itapoá.
Caetano, qual a expressão deste título [catarinense profissional] para sua carreira e qual a sensação pela consagração?
Poxa, ser campeão catarinense profissional de surfe é uma grande realização. Ter meu nome na galeria dos campeões da FECASURF [Federação Catarinense de surfe] junto de grandes ídolos que já conseguiram esse feito é uma alegria. Em 2012, eu também venci o ranking estadual, porém, por questões burocráticas, não consegui ter meu nome oficializado. Dessa vez, deu tudo certo e eu sou o campeão estadual de 2016. Posso dizer que encerrei o ano muito bem com essa conquista, o que me deixou muito feliz e com mais gana para 2017. Certamente, ao lado do título de campeão do circuito SuperSurf International que eu conquistei [em 2010], essa é uma das vitórias mais expressivas da minha carreira.
Além do circuito catarinense profissional, quais são as competições que você tem se dedicado ao longo dos últimos anos?
Há alguns anos, tenho me dedicado ao mundial WQS, que é a divisão de acesso ao WCT, elite do surfe mundial. No ano de 2016, participei da perna australiana, da perna europeia, além das etapas realizadas no Brasil. Embora tenha participado dessas etapas, é difícil manter a continuidade, pois são eventos que demandam grande deslocamento e, consequentemente, bastante investimento. Estou sem patrocínio principal – de bico, como falamos na linguagem do surf – e isso tem dificultado um tanto a busca pelos meus objetivos, que sei que posso alcançar. Ainda assim, de forma geral, conquistei resultados expressivos. Na etapa do Marrocos e na etapa da Bahia, parei nas quartas-de-final, em um universo com mais de 120 atletas de várias partes do mundo. Além do circuito catarinense profissional, das etapas do WQS, também participo sempre que estou no Brasil, do circuito paulista. Vale lembrar que, em 2016, representei Itapoá em duas etapas do Circuito Surfing Games de Santa Catarina, que são as olimpíadas interassociações do Estado. Na última etapa, de Imbituba, me consagrei campeão, somando pontos importantes para Itapoá. Foi muito legal!
Aproveitando que você falou sobre Itapoá, qual a sua relação com o Município no que diz respeito ao surfe? Sabemos que você divulga o nome da Cidade aonde vai. Você tem o reconhecimento da Administração Municipal pela sua dedicação?
Então, minha relação com Itapoá, no que diz respeito ao surfe, é praticamente total, pois aqui foi o meu berçário dentro do esporte, todos me conhecem como itapoaense, além disso, até hoje, treino aqui quando as ondas estão boas, pois tem muita qualidade. Contudo, nossa costa é muito interiorana, o que dificulta a aproximação de onda constantemente. Por conta disso, tive que me mudar para diversos locais, com o objetivo de surfar diariamente e aperfeiçoar minhas técnicas. Mesmo morando fora, nunca deixei de representar Itapoá. Meus pais residem e sempre residiram aqui. Com relação à segunda pergunta, isso me deixa um pouco perplexo, pois ao longo dos anos, sempre tentei solicitar apoio do Município junto aos meus pais, mas sempre tivemos apoios pequenos, com investimentos que, na grande maioria das vezes, não pagavam o custo de uma prancha sequer. Então, nesse aspecto posso dizer que não me sinto valorizado pelos nossos gestores. Espero que a atual gestão possa olhar isso de outra forma, para mim e para o surfe como um todo. Vários amigos comentam comigo sobre os investimentos que a secretaria de esporte local faz com os campeonatos de futebol no Município. Eu sei que o futebol é o esporte mais praticado pela nação e até gosto. Entretanto, não pode existir um abismo tão grande entre o apoio financeiro para essa modalidade em comparação com as demais. Tomando o surfe como exemplo, temos três campeões catarinenses e paranaenses amadores na cidade: eu, Ryan Cordeiro e Gabriel Castigliola. No meu caso, já fui campeão de um circuito internacional com grande repercussão, além de vencer etapa do mundial WQS e, agora, sou campeão catarinense profissional. Será que isso passa despercebido aos olhos dos gestores? Será que o surfe não é o esporte que mais alegria deu e dá ao Município? Será que nossos surfistas não divulgam muito mais o nome da Cidade Acredito que sim. Temos novos atletas em evidência, temos a AIS [Associação Itapoaense de Surf] que se esforça para manter o circuito local vivo com pouco investimento e para mandar a equipe itapoaense disputar o circuito estadual interassociações. Fica aí essa reflexão! Eu gostaria muito de poder contar com mais ajuda dos nossos gestores, através da máquina pública.
Caetano, deixe uma mensagem de agradecimento às pessoas que contribuem com sua carreira e também de incentivo aos novos atletas locais.
Quero agradecer muito ao meu patrocinador de pranchas, a MB surfboards, através do meu shaper Marcelo Barreira; ao meu apoiador Prosea Fins; aos meus familiares; aos meus amigos e a minha namorada. Cada um tem sua importância e todos me dão mais energia para chegar com mais vontade em cada competição. Eu sigo em busca dos meus objetivos e em busca de um patrocinador principal. Para a nova geração de Itapoá, eu desejo só o melhor, digo para todos, que o caminho do bem é aquele que vai te levar mais longe e com mais alegria. Não deixem de acreditar em seus sonhos, batalhem pelos seus ideais e nunca percam seus valores e sua essência. Obrigado à Tribuna de Itapoá pelo espaço. Grande abraço.
Entrevista realizada por Rafael Brito Silveira em nome da Tribuna de Itapoá.
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