“E agora, Michel?”, por Thiago Gusso
Nessa quinta-feira, dia 12 de maio, como já era esperado, o Senado Federal aprovou a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, que deixa a presidência da República provisória ou definitivamente (de acordo com o resultado desse processo). Os 55 votos a 22 refletiram os anseios de considerável parte da população brasileira, que credita a ela e a seu partido, o PT (Partido dos Trabalhadores), a crise econômica e política enfrentada pelo País. Fato é – e não poderia ser diferente – que o assunto segue sendo o mais comentado, desde as pequenas rodas de conversa até as mais amplas redes sociais. Na imprensa nacional, o assunto também é destaque, com ampla cobertura sobre tudo o que envolve o afastamento de Dilma, o processo de impeachment e, principalmente, neste momento, a transição repentina do Poder ao seu vice – agora, presidente em exercício – Michel Temer.
Inicialmente, grande parte das manifestações, principalmente nas redes sociais, gira em torno do processo político que resultou no afastamento da Presidente. Tido por alguns como golpe e por outros como Justiça, a verdade é que processos como esses mexem profundamente na imagem do País, refletindo imediatamente nas questões políticas e econômicas que regem a vida de cada um de nós.
Para aqueles que foram às ruas realmente preocupados com a corrupção que assola o Brasil, vinda de todas as posições políticas, em todos os poderes e esferas, as primeiras medidas adotadas pelo novo presidente em exercício geram bastante desconforto e se mostram contraditórias em relação ao discurso adotado por Temer.
Para equilibrar as contas, Henrique Meirelles, novo ministro da Fazenda, considera necessário o aumento de impostos, comprometendo ainda mais o já parco orçamento familiar brasileiro. Nem mesmo a CPMF, combatida com rigidez pelos oponentes da presidente afastada, está descartada. Muito pelo contrário, a medida é aceita e com muita possibilidade de se concretizar. Meirelles também disse que o Governo estuda uma proposta de nova idade mínima para aposentadoria, tornando-a ainda mais difícil. Cortes de cargos comissionados do Poder Executivo também estão na lista de prioridades do novo ministro, mas nada nestes termos está previsto para os poderes Legislativo e Judiciário, onde estão os maiores salários. Os programas sociais também serão revistos. Esses, é bem verdade, são motivo grande polêmica, devido ao mau uso, principalmente por causa da má fé de alguns de seus beneficiários, mas não há como negar a importância desses programas no combate às desigualdades sociais.
Há pouca esperança de melhorias também para a Saúde, Ministério que passa a ser gerido por Ricardo Barros – até então, deputado federal pelo Paraná – que é investigado por corrupção. De acordo com o novo ministro, não haverá maiores repasses à pasta do que os já existentes e será necessária criatividade para melhorar a eficiência do gasto e tentar melhorar a situação.
Por fim, a transformação da CGU (Controladoria Geral da União) em Ministério, passando a ser controlada de perto pelo novo Presidente, enfraquece a independência no trabalho de combate à corrupção. Ainda não há definições sobre o novo formato do órgão, mas ao que tudo indica, este perderá o poder de auditar as instituições do Governo Federal e com isso, tornará cada vez mais distante o combate à corrupção.
Resta saber como o povo, determinante nos últimos acontecimentos políticos do País reagirá a esse novo Governo. Se o combate, realmente, era a corrupção, vamos adiante, porque aparentemente ainda há muito trabalho a ser feito.
Avante!
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Muito boa a matéria. …
Obrigado, Roston! =)