“Fato ou fake”, por Fátima Rigoni
Em todo relacionamento, a comunicação acontece por meio da percepção que se tem de alguém, de alguma coisa, forma, pensamento, objeto ou fato e, dessa forma, desenvolvemos a consciência da realidade. O problema nesse relacionamento que acontece através da percepção e da consciência da realidade é que as mentiras, aqui chamadas de fakes, influenciam a forma como a realidade é percebida. Na educação, a comunicação é uma função importante para a aprendizagem, mas podemos ampliar esse conceito para todas as células da sociedade, pois aprendemos a viver, analisar, comparar, idealizar, tomar decisões, formar senso crítico através da percepção da realidade.
SILVA E GUIMARÃES (2000) conceituam a comunicação como “um processo de interação no qual compartilhamos mensagens, ideias, sentimentos e emoções, sendo capazes de influenciar o comportamento das pessoas que, por sua vez, reagem com base em suas crenças, valores, história de vida e cultura”. Com esse conceito, podemos evidenciar a importância da comunicação e da percepção comprometida com a realidade. Na convivência entre pessoas está implícita a existência de relações, e nas relações, a comunicação que acontece de forma verbal e não verbal, inclusive na mídia. Lembrando que a mídia é todo suporte utilizado para difundir informações por meio de expressões, mensagens que comunicam as massas. A comunicação envolve todas as manifestações de comportamento expressas por palavras e também por gestos, expressões faciais, orientações corporais, vestimentas e posturas, porém todos esses códigos verbais e não verbais estão sendo utilizados para fraudar conversas, simular diálogos e roubar dados, influenciar pessoas e levarem vítimas a acreditarem numa realidade que não existe. Fakes deturpam pensamentos, roubam a realidade como ela é e influenciam conceitos em cima de mentiras. Falta-nos a alfabetização mediática – que se refere ao processo de capacitar indivíduos a compreender, analisar, avaliar, pensar criticamente e criar conteúdos de forma responsável. É importante que pensemos urgentemente na alfabetização mediática para todas as idades, pois os mais jovens, mesmo nativos dessa linguagem da mídia, necessitam compreender o que é benéfico, maléfico, o que é real e o que é mentira (fake). E os mais idosos, apesar de estarem mais conhecedores da tecnologia do que anos atrás, ainda desconhecem toda a manipulação que a mídia pode causar e, assim, acabam confiando numa realidade fake que os levam a acreditarem em imagens, falas, notícias, a ponto de caírem em golpes que os prejudicam economicamente, culturalmente e politicamente.
A preocupação é que a linguagem, assim como a realidade, está sendo MANIPULADA com programas tecnológicos e utilizada nos diversos meios de comunicação. O que fazer para evitar? Começaria pensando em alfabetizar midiaticamente as crianças, jovens e adultos nas escolas. Faria um projeto com esse fim – capacitar as pessoas a pensarem de forma crítica sobre o que veem e ouvem na mídia, através de pesquisas, contato crítico e exercícios de investigação. Para quê? Para que os envolvidos possam interagir criticamente com conteúdos e informações de todos os formatos, exercendo a cidadania responsável. Para que se perguntem ao ver ou ler algo, mesmo desejando e acreditando que seja verdade, se é fato ou fake. Para que não propaguem mentiras, porque uma mentira contada inúmeras vezes se torna realidade na consciência dos menos críticos. Para que possamos ter a percepção da realidade como realmente ela é.
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