“Dia dos Pais também é Dia das Pães”, por Fátima Rigoni

A criação dos filhos inclui aspectos importantes como responsabilidades dos pais que influenciam na interação desses com a sociedade. Nessa relação, podemos dizer que o aprendizado dentro desse vínculo e a disciplina mediada pela família podem garantir uma boa formação desses filhos. Vou falar sobre essa responsabilidade e compromisso a cargo de uma mãe solo. Tatiana tem dois filhos, Luís Henrique e Anna. Logo que Luís nasceu, ela se separou do pai dele. Tati é a minha segunda filha, de quatro no total. A partir da separação dela, eu e meu marido começamos a conhecer de perto uma situação diferente, e é sobre isso que vou falar hoje. Dia dos Pais, porém temos que refletir também sobre essas mães que exercem a função de pais – as “pães”.

A data do Dia dos Pais foi pensada primeiramente fora do Brasil, com objetivos de “fortalecer laços familiares entre pai e filhos, e celebrar a importância do papel paterno na vida familiar”. Portanto, hoje, resolvi homenagear mães que vivem sem a presença efetiva dos pais de seus filhos. Alguém pode questionar: mas elas já não comemoram o dia das mães? Sim, comemoram. Entretanto, se observarmos de perto uma mãe solo, uma mãe solteira, uma mãe que tem que criar filhos sozinhas, veremos que elas têm que exercer muito mais que o papel de apenas mães.

Estudos da Fundação Getúlio Vargas afirmam que mais de 11 milhões de mães criam os filhos sozinhas. Elas têm a responsabilidade de criarem esses filhos sem a ajuda do pai. A maioria são mães pretas e 72% não conta com apoio de ninguém, muitas vezes sem ajuda financeira do pai e, quando tem a ajuda, é insuficiente para todas as despesas. Esse papel de assumir também a função do pai, sem a ajuda da figura masculina, que permanece ausente na vida da criança, sobrecarrega essa mulher, pois ela tem a responsabilidade de trabalhar dobrado para exercer as duas funções (pai e mãe) que englobam formar, educar, cuidar da saúde física, mental e espiritual da criança, brincar, zelar sobre as necessidades básicas (escola, vestuário, alimentação adequada, saúde, lazer, etc.), mediar cultura familiar de valores que humanizam, etc. Essas funções bem exercidas evitam problemas emocionais associados ao abandono paterno. Olhe a tamanha responsabilidade de ser “pãe”. Admiro minha filha que exerce esses papéis maravilhosamente bem. Seus dois filhos são incríveis, educados, amados, bem resolvidos emocionalmente, amam sua família e os seus pais, por serem seus pais. São resultado eminente de todo o esforço dessa “pãe”. Minha filha é vitoriosa, como tantas outras mulheres guerreiras que lutam por formar pessoas éticas, saudáveis e felizes, para uma sociedade melhor. Por ela e por tantas outras que passam pela mesma situação é que peço para refletirem sobre esse tema e valorizarem essas mulheres. Não quero romantizar a situação, pelo contrário: o objetivo é mostrar os desafios e superações dessas grandes mulheres. Para a Tatiana, nada é fácil, mas ela não se queixa. Só se propõe a dar o melhor aos seus filhos – ser a melhor “pãe” que pode ser.

Parabéns a todos os pais que sabem exercer seu papel sendo PRESENTE aos seus filhos e também parabéns a essas “pães” tão guerreiras, porque dia dos pais também é dia das “pães”!

Fátima Gusso Rigoni

Fátima Gusso Rigoni

Mestre em Ciência da Educação; especialista em História e Filosofia da Ciência; especialista em Alfabetização e Letramento; e especialista em Ensino de Artes; Fátima Gusso Rigoni é graduada em Educação Artística; professora com experiência de trinta anos; palestrante; coordenadora e professora de cursos com formação continuada para professores e gestores; autora de livros didáticos e de conto; autora de projetos premiados voltados à Educação; e artista plástica.

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