“Regras e princípios”, por Werney Serafini
Para a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha de São Paulo, “não são as crianças que devem cuidar da natureza e sim nós, os adultos, para garantir a elas um bom futuro”. Considera, também, que “regras” têm feito muito sucesso, o que demonstra que vivemos um mundo infantilizado.
As crianças precisam ter regras, porque não conseguem compreender os princípios. Entretanto, na medida em que crescem, precisam aprender sobre os princípios que regem a vida. Somente assim, as regras, no correr do tempo, tornam-se desnecessárias ou serão utilizadas com autonomia e liberdade.
A higiene pessoal ensinada às crianças serve como exemplo. Os pais estabelecem regras: escovar os dentes após as refeições, tomar banho diariamente, lavar as mãos e outras. No entanto, se essas regras não se transformarem em algum princípio, no caso o autocuidado, logo serão descartadas.
Com a educação ambiental não é diferente. As crianças precisam aprender desde pequenas a gostar da natureza e a entender a relação das pessoas com ela. E a melhor forma de iniciar o processo, é colocar a criança em contato com o ambiente natural para que possa, brincando, descobrir e construir as relações entre natureza e cultura.
No estilo de vida urbano, adotado até mesmo em cidades pequenas, é difícil encontrar espaço para que aconteça o relacionamento entre a criança e a natureza.
As escolas de educação infantil, por exemplo, são em sua maioria, construídas para que o aluno fique mais tempo na sala de aula e tenha pouco contato com o ambiente externo.
Na tentativa de se fazer educação ambiental, ensina-se uma série de regras do tipo: não deixar a torneira aberta, não jogar papel no chão, separar o lixo, apagar as luzes e tantas outras.
Pouco ou quase nada é feito para proporcionar experiências e vivencias que poderiam se transformar em conhecimentos sobre a água, a eletricidade, a terra e o lixo por exemplo.
As crianças, por sua vez, têm se apropriado das regras invertendo a relação de autoridade com os adultos. Em casa, transformam-se nos conhecidos “fiscais da natureza” junto aos pais e familiares ou onde encontrarem espaço para isso.
Não significa que estejam se apropriando de princípios como o respeito a si mesmo, ao outro, aos seres vivos e ao meio ambiente. Apenas aprenderam algumas regras que se não se transformarem em princípios estarão sujeitas a desaparecer. As regras servem não somente para as crianças, mas também aos adultos. O complicado é transformá-las em princípios.
Resgatar o brincar na natureza é construir o princípio de respeito ao ambiente natural e à biodiversidade intrínseca à vida. Esse é o propósito das “Oficinas de Natureza”, programa em elaboração na ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental.
Itapoá (Inverno), agosto de 2022.
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