Presidentes de entidades empresariais de Itapoá comentam o difícil momento econômico
“Os efeitos da pandemia [do novo coronavírus] na economia estão sendo sentidos por todos em menor ou maior intensidade dependendo do ramo de atividade, mas o fato é que todos foram impactados. O setor de serviços como hotéis, restaurantes, eventos, dentre outros nesse sentido, tiveram prejuízos difíceis de serem recuperados. Profissionais autônomos também apresentam problemas semelhantes. Na indústria, o número de desempregados tem aumentado significativamente e, nesse caso, o impacto para Itapoá poderá ser sentido de forma muito intensa na alta temporada, com a redução expressiva de turistas e veranistas para nossa cidade”, resume Alberto Machado, presidente da Acini (Associação Comercial e Industrial de Itapoá).
A CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) de Itapoá tem recebido queixas de seus associados nesse sentido. “Alguns estão questionando como irão pagar suas contas; outros, que os clientes não estão chegando; e alguns estão sentindo dificuldade na liberação das linhas crédito ofertadas pelo governo”, comenta Ana Paula Scherer Cáceres, presidente da entidade.
São em momentos de dificuldades como as atuais que o associativismo mostra ainda mais a sua importância. De acordo com Ana Paula, a FCDL (Federação Nacional das Câmaras Lojistas) desenvolveu uma série com dez vídeos gravados pro consultores, em que eles trazem dicas de como vencer este momento de crise e se reinventar. “Esses vídeos têm sido disponibilizados para os associados diariamente. Também foi feita a campanha digital incentivando a população a comprar no comercio local”, conta a presidente da CDL Itapoá.
Alberto Machado considera que o cenário extremamente preocupante e que, nesse sentido, o associativismo precisa atuar para unir forças para que o reestabelecimento da economia seja feito de forma mais rápida possível, mantendo todos os cuidados necessários com a saúde da população. “Cobrar o poder público para que paute ações que contribuam para o desenvolvimento econômico é crucial nesse momento. Da mesma forma, acionar todas as possibilidades da Associação para ajudar empresários a encontrar alternativas para manter sua atividade, como as campanhas de valorização do comércio local, criação de consultorias de gestão e união com outras entidades para promover o mais rápido possível, o desempenho econômico que almejamos, tanto em nível local, como estadual e nacional”, comenta.
Apesar de todas as dificuldades que o momento impõe, há uma boa perspectiva pela retomada econômica tão esperada. “Temos a expectativa de que gradativamente as coisas comecem a voltar ao normal, e que haja uma retomada da economia mesmo que um pouco lenta”, espera a presidente da CDL. Alberto Machado também acredita na retomada, sem esquecer os cuidados, mas critica o duelo político que tem se formado sobre o tema. “Acreditamos que, tomadas as devidas precauções, e reforçando a necessidade de disciplina por parte da sociedade como um todo, é possível que possamos retomar a atividade econômica o mais breve possível. Porém, ainda percebemos um distanciamento desse objetivo por parte das lideranças governamentais, que ainda pautam suas prioridades no duelo político ao invés de unir esforços para pensarem na recuperação econômica aliada à condição de transformação cultural que essa pandemia implantou em nossas rotinas”, considera.
Por fim, a presidente da CDL Itapoá Ana Paula Scherer Cáceres, comenta a importância da inovação, da união e da valorização da economia local. “Este é o momento em que o empresário terá que se reinventar, buscar novas alternativas. É um momento de união, de nos ajudarmos; de valorizar o nosso comércio e de comprar em nossa cidade, para que a economia comece a girar, que nosso município volte a gerar empregos e renda às famílias”, pontua.
O presidente da Acini, Alberto Machado, considera que a sociedade precisa estar preparada para um novo conceito de normalidade. “Dificilmente, voltaremos ao cenário pré-pandemia. Atitudes precisarão ser repensadas e modificadas. Embora estejamos indo para o quarto mês de pandemia [entrevista concedida no último dia 19 de maio], especificamente no Brasil, ainda é cedo para desenharmos como as coisas se comportarão daqui para frente. Eventos, escolas, relações comerciais, tudo isso passará por transformações importantes e precisamos estar atentos para que isso seja positivo para todos. Afinal, a ideia é sempre desenvolver, inclusive utilizando as dificuldades para que isso ocorra”, conclui.
As entrevistas foram concedidas por Ana Paula Cáceres e Alberto Machado no último dia 19 de maio e esta matéria publicada originalmente na edição nº 157 do jornal impresso Itapoá Notícias, referente a maio de 2020.
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