A Cultura também precisou se adaptar ao novo momento

2 de maio de 202014 de agosto de 2020 Thiagão 0 comentários adaptar, cultura, escola, itapoa, momento, musica, novo-coronavirus, novo-momento, precisa, professor-mutti, sociedade, tambem, tocando-em-frente, violao

A sociedade como um todo tem criado um número incontável de formas para se adaptar ao novo momento imposto pelo novo coronavírus. No segmento cultural, não é diferente. Em um período no qual depender do público, de contato físico e tudo que envolve as mais diversas artes não é recomendado e, em grande parte, até proibido, a forma de difundir e consumir Cultura também tem se adaptado, mas não sem dificuldades. Um bom exemplo foram as adaptações realizadas pelos projetos culturais administrados pela Escola de Música Tocando em Frente em Itapoá. Quem explica melhor é o gestor cultural Helmuth Kirinus (o professor Mutti). “Em um primeiro momento, de maneira geral, as medidas de prevenção dificultam o trabalho presencial com a Cultura, principalmente no segmento de espetáculos e ensaios em grupos. Os artistas desses segmentos sofrerão bastante com isso. Medidas de auxílio a esta cadeia produtiva com editais de apresentações artísticas em vídeo estão sendo adotadas em diversas cidades como Curitiba [PR] e Ponta Grossa [PR]. Os ensaios e aulas em grupo também serão prejudicados, pelo menos no campo da música, mesmo com a tecnologia existente”, conta.

Professor Mutti explica que julga as medidas de isolamento totalmente necessárias, apesar dessas dificuldades em relação aos projetos em andamento: corais Vozes da Babitonga e Sementes do Amanhã, Orquestra Sua Majestade o Violão, Violão para Todos, Grupo de Cavaquinho do Centro Cultural IGG, Leitura 3-Afluentes, Ecos da África e Baú Musical.

As adaptações para o momento têm ocorrido de acordo com cada projeto. “Os corais estão recebendo, no mesmo horário dos ensaios presenciais, aulas via ‘live’ dos maestros para poderem estudar o repertório. Mas ainda não conseguimos uma adaptação para poder ouvir o grupo e estamos estudando soluções. As aulas do projeto Violão para Todos estão acontecendo através de envio de vídeo aulas registradas no Youtube para os inscritos via WhatsApp, e as dúvidas são tiradas através de vídeochamada individualmente ou familiarmente”, contou Mutti. A seleção da Orquestra Sua Majestade o Violão aconteceu através do envio de vídeo de uma peça de confronto e uma de livre escolha, e está sendo analisada por três especialistas no instrumento. Em seguida, serão iniciadas as aulas individuais para aprimoramento técnico, apresentação e dicas no repertório. Estão ainda em estudo, maneiras de fazer o ensaio em grupo. As aulas de cavaquinho estão acontecendo através de lições e vídeos via WhatsApp e reenvio de dúvidas e vídeos para o professor. Os ensaios do Baú Musical presencial e em grupo estão parados. Mas há o estudo individual de novas músicas para incluir no repertório quando for possível o reencontro. As oficinas do projeto Leitura – 3 Afluentes estão aguardando a aprovação de adequação para vídeo conferência pelo Governo do Estado, enquanto se mantém o grupo trocando ideias e conteúdos através do grupo das oficinas já iniciadas, pelo WhatsApp. As oficinas de Percussão do Ecos da África estão temporariamente adiadas enquanto se mantém o grupo trocando ideias e conteúdos através do grupo das oficinas já iniciadas, pelo WhatsApp.

Apesar da situação difícil que gerou, inclusive, o aumento da demanda de trabalho para poder dar conta das adaptações, os professores e maestros envolvidos, bem como toda a equipe de produção executiva vê tudo isso como um desafio e uma forma de ajudar as pessoas a se manterem em casa com alternativas de ocupação sadia e aprimoramento pessoal. “É, de certa forma, uma maneira de combater o vírus e sua contaminação que aflige a humanidade”, considera.

Gilson, auxiliar de operações portuárias e fotógrafo nas horas vagas, é aluno do projeto Violão para Todos juntamente com sua esposa e as duas filhas do casal. Ele conta como está sendo a experiência das aulas em família neste período. “Quando as aulas iniciaram, já estávamos com as medidas de isolamento, então, desde o princípio, tivemos aulas online. Estamos conseguindo aproveitar bem os ensinamentos e ansiosos para que tudo volte à normalidade e possamos ter os nossos encontros”, comenta. A esposa dele, Nina, que é auxiliar administrativo, fala da experiência das aulas em família. “Tem sido uma experiência muito gostosa e diferente para nós. Passamos algumas tardes inteiras estudando e temos uma interação bem bacana. Acredito que estudar junto acaba sendo também uma forma de incentivo para as crianças e nos proporciona momentos inesquecíveis”, considera. Julia, a filha de dez anos de idade também está gostando muito das aulas. “Eu sempre gostei de música e já tentava aprender o violão pelo YouTube, mas era muito difícil. Agora, com o professor Mutti, estou conseguindo aprender”, conta. A pequena Sophia, de oito anos, dando risada, diz não saber ao certo o que mais gosta das aulas. “Não sei. Gosto do som e de fazer as aulas com meus pais e minha irmã”.

É também em família que estudam o servidor público Felipe Barboza e a filha Julia Alves Barboza, de oito anos de idade. Felipe conta que sente muita diferença pelo fato de as aulas serem online. “Realmente, tem diferença de uma aula presencial, mas a adaptação nós temos feito com uma rotina de ensaios aqui em casa. Quando há dúvidas, fazemos as videoaulas por videochamadas e, na hora, o professor já vai nos dando um feedback de como estamos com a evolução da prática do violão. Já vai nos dando os pontos que precisamos treinar mais, onde nós temos que melhorar. Eu acredito que essa parte também da videoaula facilita um pouco nesse sentido, porque nós podemos estar revendo dia-a-dia aquela aula e nos aperfeiçoando”. Felipe acredita que é muito válido poder estar revendo e praticar em qualquer momento. Ele comenta também sobre a experiência de participar junto com sua filha. “Isso tem sido maravilhoso, porque violão é uma coisa que eu sempre quis fazer e acabei nunca ouvindo meus pais para procurar uma aula, um professor. Eles até incentivavam, mas eu não ia. E agora, mais como uma forma de acompanhar a minha filha, resolvi fazer e está sendo muito gratificante”, considera. Eles trocam ideias e às vezes, o pai consegue corrigir a filha em algum movimento, bem como a filha ao pai em outros. “Está sendo muito bom esse projeto. Achei muito boa a iniciativa do professor não aguardar o fim desse período difícil que a gente vive em decorrência dessa pandemia. Dele se prontificar, fazer as videosaulas, mandar para nós esses áudios, nos atender por videoschamadas. Acho que isso está sendo muito bom e vai dar um grande ganho para nós em nosso aprendizado”, conclui Felipe. A filha Julia também comenta como está sendo sua experiência: “o que eu mais gosto das aulas de violões são as batidas, de fazer as aulas com o papai, de pegar o violão e ouvir o professor falando o que tem que fazer. Tem sido legais as aulas. Eu gosto de assistir vídeos pela internet, tenho horário, meu pai chama e a gente faz”. Julila diz que admira a paciência do professor, a quem ela define como “calminho, legal e divertido”. Além disso, também está gostando de as aulas serem pela internet, devido a sua timidez em público. “Se eu tivesse lá, eu ia querer fazer sozinha. Tudo o que eu vou fazer, eu quero fazer sozinha de tão tímida que eu sou. E pela internet eu já desenvolvi um pouco”, conclui a pequena estudante de violão.

“A Tocando em Frente seguirá trabalhando sempre na mesma direção, tentando contornar os obstáculos que vierem. Essa direção é a democratização de acesso à cultura e formação continuada. Todos os projetos que coordenamos e atuamos, inclusive os espetáculos, são totalmente gratuitos e de acesso a qualquer cidadão. Basta querer e participar”, conclui o professor Mutti.