ITAPOÁ 31 ANOS: Solidariedade, o maior presente deste aniversário
26 de abril é uma data esperada e bastante comemorada em Itapoá. Dia em que a cidade assopra as velinhas, dia de receber homenagens e dia festar. Em tempos de cuidados e prevenção, neste ano de 2020, o aniversário será diferente: as programações públicas foram suspensas e cada itapoaense vai comemorar em sua casa. Mas quem disse que a população deixou de presentear a Cidade?
Os 31 anos de emancipação política de Itapoá chegam com uma marca registrada: a solidariedade. Com a pandemia, o isolamento e os problemas sociais intensificados, os itapoaenses estão dando boas aulas de como fazer a diferença e ajudar o próximo. Pode ser com uma marmita ao vizinho, a compra do álcool em gel para um amigo, a valorização dos pequenos comerciantes locais, o olhar os filhos do colega que precisa trabalhar, dividir o pouco que se tem… Não importa a forma como ela se apresenta, mas a solidariedade é, sem dúvidas, o melhor presente de aniversário para a cidade neste momento.
Os tempos são difíceis em todos os lugares, e aqui não é diferente. Conforme dados da Secretaria Municipal de Assistência Social, em Itapoá há mais de 2,2 mil famílias inscritas no Cadastro Único do Governo Federal; o cadastro abrange famílias com renda de até três salários mínimos ou até meio salário mínimo por pessoa. Dessas famílias, mais de 600 são beneficiárias do Programa Bolsa Família, ou seja, têm uma renda de até R$178 por pessoa. “São famílias que, independente da pandemia, enfrentam cotidianamente insegurança de trabalho e renda, e demandam, eventualmente, atendimentos dos nossos serviços para acesso a benefícios”, respondeu-nos a Secretaria em nota.
Com os problemas vindos junto ao COVID-19, a maior parte dessas famílias e tantas outras precisam de auxílio ao mesmo tempo. Segundo a Secretaria, em 22 dias (de 18 de março a 8 de abril) foram computadas mais de 1,5 mil solicitações de atendimento só para auxílio alimentação e, dessa data em diante, recebem diariamente novas solicitações. Os números comparados ao mesmo período em 2019 (124 atendimentos totais, não apenas para auxílio alimentação), resultam em um aumento de 1.138,71%. “O que estamos enfrentando é uma crise de insegurança alimentar, e este problema social não é responsabilidade exclusiva da Assistência Social”, afirma a Pasta. Ainda segundo a Secretaria, existe uma política pública específica para o assunto: Política de Segurança Alimentar e Nutricional, mas infelizmente ainda não está estruturada em Itapoá. “Acreditamos que só será possível combater a insegurança alimentar se atuarmos juntos, governo (incluindo diversos setores), iniciativa privada e sociedade civil”, complementa.
E é então que toda e qualquer iniciativa faz a diferença. De forma individual ou por ONGs e associações, elas estão presentes em todas as comunidades e mostraram que, em momentos difíceis, podem ser ainda maiores.
Um exemplo é a ONG Mãos do Bem, que desde 2014, atende famílias carentes em Itapoá. Tudo começou com duas amigas e o atendimento a uma família com doações recebidas de conhecidos; aos poucos o número foi crescendo, tanto de quem ajuda, como de quem recebe e, com a situação imposta pelo COVID-19, tudo foi multiplicado.
A ONG Mãos do Bem é composta por um grupo de seis pessoas que, com uma pequena rede de doadores regulares, atendia mensalmente, até então, cerca de 25 famílias cadastradas e mais oito em regime emergencial. Além de alimentos e visitas de orientação e interação com as famílias, a ONG também doa roupas, calçados, cobertas e utensílios domésticos de acordo com a necessidade e disponibilidade. No ano passado (2019), também iniciou um projeto para exame da visão, prescrição da receita e confecção de óculos para as crianças carentes da rede pública, no qual já foram atendidas 38.
Tudo isso só foi e é possível pelo belo trabalho do grupo e, claro, através das parcerias estabelecidas, dos bazares realizados regularmente por voluntárias, eventos beneficentes e da ajuda da comunidade.
Mas com o cenário do coronavírus, as coisas mudaram um pouco: os pedidos aumentaram e a ajuda também. Segundo os representantes da ONG, assim que a pandemia surgiu, iniciaram diversas atividades para aumentar a arrecadação de alimentos: colocaram carrinhos com cartazes nos principais mercados da cidade e fizeram uma campanha de divulgação pelas redes sociais. O resultado qual foi? Atendimento a todos os pedidos de ajuda até o momento.
Conforme a ONG, no mês de março foram atendidas 39 famílias e, em abril, somente até o dia 16, foram entregues 55 cestas básicas, além dos atendimentos pontuais, como a falta de leite ou outro item específico.
Sem dúvidas, estamos vivendo um período de muitos aprendizados, ganhos e emoções. “Vivenciamos momentos de muita emoção ao chegar à porta da casa e a mãe de família cair em prantos por não ter mais nada para dar aos filhos. Também nos sensibilizaram, algumas situações de pessoas com um carro na garagem, acostumadas a trabalhar, e extremamente constrangidas por terem que pedir ajuda”, contam os representantes da ONG.
E o que fica de tudo isso? Pela Mãos do Bem, a felicidade de ouvir depoimentos de pessoas “dizendo ter descoberto um lado que estava escondido pelos afazeres do dia a dia, esquecendo de olhar para fora de sua janela”; felicidade em ver a quantidade de pessoas se mobilizando para minimizar as dificuldades de quem mais precisa; felicidade pelo número de pessoas que os procuraram dispostas a continuar doando de forma regular após o término da crise.
Para quem presencia tudo isso de forma direta ou indireta e para quem aqui lê, fica a certeza de que todo mundo pode fazer a sua parte, não apenas em momentos de crise mundial, mas sempre que alguém precisar.
E que, assim, com presentes para tornar Itapoá cada vez mais justa, igualitária e humana, possamos comemorar cada aniversário da Cidade. Parabéns Itapoá, parabéns itapoaenses!
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