Assunto recorrente, por Werney Serafini
Não costumo repetir artigos. No entanto, considerando que algumas questões em Itapoá são recorrentes, justifico a exceção. O motivo é a necessidade de uma rodoviária na cidade.
A cada administração, invariavelmente, surgem os debates sobre a construção de uma rodoviária. Afinal, cidades costumam ter um terminal rodoviário de passageiros, especialmente as que recebem turistas e visitantes nos fins de semana, nos feriados prolongados e, principalmente, no verão.
Discute-se, muitas vezes, sem embasamento técnico, sobre a necessidade de se ter uma rodoviária no município. E as discussões ficam intensas, quando passam para a localização do empreendimento. Quase sempre, não há consenso. Foi o que aconteceu novamente durante a oficina organizada pela prefeitura para a discussão do Plano de Mobilidade Urbana.
A característica de Itapoá difere de outras cidades. Itapoá cresceu e continua crescendo no sentido horizontal. Implantada à beira mar, seguiu, nem sempre ordenadamente, a linha da costa, numa extensão de quase trinta quilômetros de praia. Formaram-se núcleos isolados entre si, a exemplo da Barra do Sai, no extremo norte, Itapema e Itapoá no centro, e Pontal da Figueira no extremo sul e entre eles, outros menores. Esses agrupamentos surgiram espontaneamente e foram interligados inicialmente por um único acesso, paralelo ao mar.
Esse modelo de urbanização e as poucas alternativas para a locomoção das pessoas não proporcionam consenso quanto ao local mais apropriado para a instalação da rodoviária.
Na prática, os ônibus chegam, percorrem a cidade no sentido sul/norte, embarcando e desembarcando os passageiros em “pontos”, desprovidos de qualquer benfeitoria para conforto dos usuários. Alguns, sequer tem a indicação de parada. As passagens têm que ser adquiridas em Itapema, num guichê da empresa concessionária do transporte.
Nos 29 anos da emancipação política, recentemente festejado, mesmo com o significativo crescimento demográfico e das pontuais tentativas de cada administração, Itapoá continua sem ter a rodoviária e, seguramente, nas condições da mobilidade urbana atual, dificilmente terá. Talvez, Itapoá sequer precise de uma rodoviária nos padrões tradicionais, isto é, um único e concentrador terminal de passageiros. Ao menos, a curto e médio prazo.
Uma ideia, inspirada no modelo em prática, poderá ser uma primeira solução. Ao invés da rodoviária central, os “pontos de parada” existentes poderiam ser substituídos por “terminais modulares”, adequados às necessidades de cada localidade.
Projetar-se-ia um equipamento urbano moderno, com desenho agradável e apropriado para as pessoas aguardarem os ônibus confortavelmente. Nos terminais, Internet, instalações sanitárias, iluminação, câmeras de vigilância e acesso interligado ao transporte urbano existente. E, acoplado ao terminal, um módulo destinado para acolher uma viatura da Policia Militar, o que proporcionaria segurança ao terminal e por extensão a comunidade do entorno. Assunto a ser discutido com a Policia Militar, responsável pela segurança pública da cidade.
No decorrer de uma administração, poderiam ser construídos quatro ou mais terminais atendendo, inicialmente, os núcleos mais populosos da cidade, certamente, a custos bem menores que os necessários para o empreendimento de uma rodoviária tradicional. No futuro, o terminal mais movimentado, daria origem, se necessário fosse, à rodoviária definitiva.
A título de sugestão, propomos a construção de um protótipo na Avenida das Nações, no Balneário Princesa do Mar, próximo a escola Frei Valentim, local amplo e disponível, que reúne condições de espaço e localização ideais para um terminal desse tipo.
Itapoá (inverno), julho de 2018.
Leia também:
O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Emiliano Castro de Oliveira, alertava em 2015, sobre o exaurimento de um dos mais importantes rios do sudeste brasileiro: o rio Paraíba do Sul, que percorre 1.130 quilômetros nos estados...
O Caminho da Onça era uma picada cortando a mata entre o mar e o rio Saí-Mirim. Por ela, passava o maior predador da fauna brasileira, hoje na lista dos animais ameaçados: a Phantera onca, da ordem dos carnívoros, membro da família dos felídeos e sím...
Ao rever antigos escritos, deparei-me com um artigo inspirado na surpresa da arquiteta e paisagista Andrea Choma ao encontrar, na lavanderia de sua casa, um guaruçá. Ocorrência incomum, porque ao que se sabe, ele vive nas areias da praia. O guaruçá ...