“Com todo o respeito, precisamos conversar…”, por Thiago Gusso

O Brasil anda estranho e violento. Mas não me refiro somente à violência urbana, como também àquela das redes sociais. Não se consegue mais respeitar quem pensa diferente, principalmente quando o assunto é política, mas a violência gratuita também ocorre em outras discussões que dividem opiniões, como religião e futebol, por exemplo.

Poucos minutos acompanhando o feed de notícias do Facebook ou os grupos de temas mais amplos no WhatsApp bastam para que nos deparemos com vários exemplos do que aqui falamos. Comentários a favor de ex-presidente preso e contra ele; notícias falsas contra vereadora de esquerda assassinada com o intuito de violentar a imagem dela; manifestações de pessoas que se dizem cristãs indo contra os escritos bíblicos ou então dando interpretações equivocadas a eles; manifestantes de um lado agredindo os do outro; pessoas que defendem o porte de arma com extrema agressividade, mas que garantem que após a liberação delas, haverá paz. Enfim, há uma infinidade de situações em que presenciamos a fuga do ânimo normal, daquilo que se espera de pessoas civilizadas.

Esse ódio, que ao meu ver não tem partido político, faz com que muitos leitores, neste momento de leitura textual, busquem elementos que definam o meu posicionamento enquanto autor, nos mais diversos segmentos, mas em especial no político-partidário. Tentam definir e, até mesmo, acusar a minha bandeira, para saber se me odeiam ou se me respeitam. Sim! Porque na atual situação, odiar já não parece mais ser o contrário de amar, mas de, simplesmente, respeitar.

A situação é caótica. Enquanto um lado promete recompensa para quem matar o desafeto, o outro divulga abertamente que haverá “derramamento de sangue” se leis forem cumpridas contrariando suas vontades. Nesse ínterim, quem mais sofre são as pessoas pacíficas, aquelas que não deixam de se indignar com os acontecimentos que não consideram corretos, mas conseguem se controlar no direcionamento a um irmão honesto que pense diferente. “Ah, mas se ele apoia ‘x’ e é contra ‘y’ não pode ser honesto, alguns dizem”. Não é tão simples assim.

Para piorar, criaram-se e ainda se criam grupos formadores de opiniões, geralmente ligados a partidos políticos, que usam de discursos de posicionamentos extremistas para convencer parte da população mais suscetível a seus argumentos a fortalecer o ódio contra quem pensa diferente, direcionando as opiniões para aquilo que faz jus à bandeira do grupo e não do povo, muitas vezes, sequer a bandeira do apoiador. Não à toa, muitos dos líderes desses grupos, hoje, estão filiados a partidos que representam seus ideais e se candidatando a cargos eletivos. Há, inclusive, os que já atingiram seus objetivos nas eleições municipais de 2016, e agora desfrutam de todos os benefícios que a política oferece a quem está no poder. O povo por sua vez, segue amargando os problemas que acreditou estar combatendo, mas acaba perpetuando.

Além disso, são esses mesmos grupos formadores de opinião político-partidária, os maiores disseminadores de boatos na internet. É por causa deles que, hoje, perdemos tempo acreditando e defendendo mentiras convenientes a eles, desacreditando em verdades que não os convém. Essa desinformação toda só interessa a um lado, que é o de quem já está no Poder. Quando a sociedade perceber que está perdendo tempo com um ódio inútil, e que a luta da maioria absoluta é contra um mesmo inimigo comum – os privilégios dos poderosos – talvez o respeito volte a reinar e muitos dos problemas que encontramos hoje se resolvam. Isso, porque “respeitar” vai muito além de, simplesmente, “não odiar”.

“É preferível cultivar o respeito do bem que o respeito pela lei.”
Henry David Thoreau

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Thiagão

Jornalista pela PUC/PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) com pós-graduação em Marketing Empresarial pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Thiago Gusso já trabalhou em importantes projetos de comunicação de Curitiba (PR) e Itapoá. Atualmente, responde pela Direção do site Tribuna de Itapoá e do jornal impresso Itapoá Notícias, nos quais segue também em sua atuação como jornalista. E-mail: thiago@itapoanoticias.com

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