Assoreamento do Rio Saí Mirim continua preocupando comunidade pesqueira da Barra
Há anos, uma das principais reivindicações da comunidade da Barra do Saí, especialmente dos pescadores daquela localidade, é a dragagem de desassoreamento da Boca da Barra do rio Saí Mirim. O tema, inclusive, é constante promessa de campanha eleitoral local, com anúncios de liberação de recursos e pouca ação efetiva até o momento. Com a obra, dezenas de famílias que vivem da pesca na região teriam melhores condições de trabalho, pois a saída dos barcos ao mar seria facilitada.
Há três anos, em setembro de 2014, a Associação de Pescadores da Barra do Saí chegou a realizar uma mobilização pacífica na Rodovia SC-416. O ato bloqueou o trânsito por duas horas. O objetivo dos pescadores era solucionar esse sério problema que se arrasta há anos.
Procurado pelo jornal Itapoá Notícias, o ambientalista Werney Serafini explica que o rio Sai Mirim segue em paralelo à praia, separado do mar por um extenso esporão de areia, até a proximidade da desembocadura do rio Saí Guaçu, na divisa com o Paraná. Em tempos de excesso de precipitação hídrica, a pressão da água abre um canal nesse esporão de areia, na altura da Boca da Barra, encurtando a saída para o mar. Na sequência, as correntes marítimas no sentido de sul/norte voltam a assorear o canal aberto, bloqueando a saída para o mar e condicionando o Rio a seguir sua trajetória natural. Essa abertura facilita o acesso das embarcações dos pescadores para o mar, o que motivou, por inúmeras vezes, a reabertura de forma artificial do canal. Segundo consta, mais de uma dezena de vezes. “Sem dúvidas, a abertura da Boca da Barra é tema recorrente, que precisa ser analisado tecnicamente e discutido com a população, com vista a uma solução. De um lado, está, pontualmente, a pressão dos pescadores, que precisam e desejam um acesso ao mar seguro para suas embarcações e, de outro, os questionamentos e dúvidas sobre efeitos impactantes, que seriam causados por uma abertura e fixação do canal para torná-lo permanente. Destaca-se, ainda, o fato, hoje incontestável, de que o rio Sai Mirim está assoreado em muitos trechos, dificultando inclusive, a navegação na saída da Barra”, explica Werney. Ele considera que reabrir o canal seria apenas um paliativo, uma saída para o problema dos pescadores, mas não uma solução geral do rio, que sofre impactos em praticamente todo o seu trajeto. “Há, em meu entendimento, a necessidade de se regatar alguns estudos que já foram realizados e revisar as recomendações técnicas existentes sobre as alternativas para desassoreamento do leito, minimizando os impactos que poderiam ser causados. Mais do que isso, o Saí Mirim e respectiva bacia hidrográfica deve ser motivo de política pública, ou melhor, de projeto ambiental abrangente, com a mesma significância e importância que está sendo dada ao Projeto Orla, para garantia de um desenvolvimento coletivo e seguro de Itapoá”, considera.
O jornal Itapoá Notícias tentou contato com a Prefeitura de Itapoá, através dos endereços de emails institucionais da Assessoria de Imprensa, Chefia de Gabinete, Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Agricultura e Pesca municipais, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Do jornal impresso Itapoá Notícias.
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