“Estou aqui com o trauma do susto”, relata mulher tratada como criminosa por populares

No início da noite dessa terça-feira, dia 21 de julho, o site jornalístico Tribuna de Itapoá publicou uma matéria policial intitulada “Populares flagram furto a residência e imobilizam ladrões no bairro Itapoá” referente a uma ocorrência do dia 18 de julho. No texto, além da descrição da ação criminosa e da detenção dos ladrões por parte dos populares, havia o relato de que testemunhas informaram à Polícia Militar sobre uma mulher que conduzia um automóvel por perto, supostamente, para dar fuga aos agentes. Ela chegou a ser encaminhada à Delegacia de Polícia Civil local, mas foi inocentada pelos próprios bandidos e pela ausência de qualquer prova contra si.

Na tarde desta quarta-feira, dia 22 de julho, o site Tribuna de Itapoá recebeu o contato de Cinara Ribeiro, que se identificou como sendo a mulher confundida. Nesse contato, ela comentou que, apesar de a ação dos moradores ter resultado na prisão dos dois ladrões, “a euforia de fazer justiça acabou em uma tremenda injustiça”. No relato, ela explica que estava seguindo para o trabalho após levar o seu filho para a casa dos pais dela. Cinara entrou na rua em que houve a ação criminosa ao sair de um posto de gasolina para poder acessar a via conhecida como Caminho da Onça. Nesse momento, ela foi fechada por um carro branco, do qual desceu um casal gritando para ela descer do seu carro. “Por um impulso, assustada e temendo a investida violenta, acabei dando ré no carro e batendo num muro, onde fui cercada por cerca de 30 populares que exigiram meu celular, e dando socos e pontapés no meu veículo, exigiam também a abertura do porta-malas pra checagem. Sem entender nada, e já aos prantos, entreguei o celular, ouvindo os gritos de ‘vagabunda’ e ameaças de mulheres que se aproximavam do meu veículo, prontas pra fazerem ‘justiça’ com as próprias mãos”, conta Cinara.

Para a sorte dela, logo uma viatura da Polícia se aproximou e um policial entrou em seu carro, a conduzindo até a Delegacia para esclarecimentos. “Só então, eu fui saber do que estava sendo acusada e pude provar minha inocência. Eu sinto muito, mas muito, mesmo, pelas perdas materiais da família vítima do furto, mas não havia nada além de suposições que me ligassem aos bandidos, que, por sinal, estavam de bicicleta no local. Estou aqui com o trauma do susto que passei e com o prejuízo do meu carro amassado pela batida no muro, e pelos socos e chutes que ele recebeu. Até agora, não recebi mais do que um pedido chocho de desculpas, a promessa do ressarcimento do prejuízo e meu nome vinculado aos boatos que giram em torno dessa história toda. Por favor, compartilhem a minha história para que casos assim nunca mais se repitam e ninguém nunca tenha que passar pelo que eu passei naquele dia. Obrigada pela chance de desabafar e esclarecer”, desabafa Cinara Ribeiro.