“Autoridade X Autoritarismo”, por Mutti Kirinus

A diferença entre autoridade e autoritarismo está que a primeira é conquistada através do mérito, conhecimento e reconhecimento do meio em que atua, e o autoritarismo faz uso apenas da força para tentar suplantar a primeira.

Ou seja, uma autoridade em qualquer assunto precisa ter uma base de realizações, títulos conquistados, menções, práticas, argumentos, razões, reconhecimento, para estar ocupando um lugar de destaque entre as pessoas de determinado segmento. Em um regime democrático, a autoridade pode ser também pelo voto, que pode ser conquistado pelas realizações feitas, e assim uma autoridade adquirida; ou hoje em dia, infelizmente, com o poder do marketing e uso de dados através da massificação da opinião financiada, sem necessidade de ter qualquer vínculo com a realidade.

Nesse ponto, podemos também diferenciar popularidade de autoridade, alguém mesmo sendo uma autoridade em determinado assunto, pode não ser tão popular e vice versa. Na música, encontramos diversos artistas que são uma autoridade, já estão consagrados e reconhecidos como protagonistas importantes da história da música brasileira, mas com menos popularidade que artistas que não possui essa reconhecida importância. Como já disse Cortella, existem pessoas importantes que não tem a menor fama, e pessoas famosas que não tem a menor importância. No entanto, existem também pessoas importantes e famosas simultaneamente.

O mesmo critério para aferir se algo possui uma autoridade e uma importância real, populares ou não, famosas ou não, com uma autoridade legítima ou falsa, é a que se pode utilizar para o reconhecimento de uma obra de arte, qual seja, a permanência e continuidade no tempo e na história. Tudo aquilo que foi popular um dia, sem uma autoridade legítima, tende a desaparecer da memória dos que fazem parte de um segmento ou dos anais da história desse segmento.

O autoritarismo, por sua vez, mesmo que possua alguma popularidade em determinada época, como possui sua raiz na força física, ou no medo gerado por ela, em palavras de ódio no lugar de argumentos racionais, tende a valer apenas por aquele momento e desaparecer em seguida.