Sou uma pequena ave, como muitas em Itapoá. Discreto, não chamo atenção. Minhas penas, esverdeadas, confundem-se com as folhas das árvores e sou pouco visível, difícil de ser visto. Parece estranho, mas esse é o meu maior atrativo.
Nasci no litoral norte da Santa e Bela Catarina, e adoro viver em Itapoá. Consideram-me espécie “endêmica”, que significa existir em uma só região.
Minha praia é a Mata Atlântica. Dependo dela para viver e perpetuar minha espécie. Habito a borda da floresta e passo o tempo caçando pequenos insetos que vivem na mata. Dependo deles para sobreviver e com a floresta encolhendo dia após dia, arrisco desaparecer.
Faço parte da lista vermelha dos animais ameaçados. Não sei se sabem, mas o Brasil é o país que mais tem aves nessa lista. Que o digam o Bicudinho-do-brejo, a Maria-da-restinga, o Patinho-gigante e a Saíra-sapucaia.
Em Itapoá, poucos me conhecem, mas em outros lugares sou muito popular, considerado até celebridade. Tem um pessoal, os observadores de aves, que vem de longe para me ver. Aparecem em grupos, imitam o meu canto e passam horas e horas esperando que eu apareça. Quando chego, ficam excitados, fotografam e anotam sobre tudo que faço.
Às vezes, fico pensando e, sinceramente, não entendo. Os humanos são estranhos: destroem o local onde vivo; colocam meu nome numa lista dizendo que estou em perigo; fazem leis para minha proteção, aliás, ignoradas e, depois, quando quase deixo de existir, vem de longe só para me ver. Dá para entender?
Esta é a minha história. Parecida com algumas de vocês. Pouca gente com muito e tantas com muito pouco. Será que depois de tanta ocupação, não dá pra deixar um pedaço de floresta para nós?
A Reserva Volta Velha fez isso. Criou uma Unidade de Conservação para preservar a floresta e, por isso, são reconhecidos internacionalmente, perguntem aos estrangeiros que estão sempre por aqui.
Com projetos de educação ambiental, mostram que as pessoas fazem parte da natureza, assim como os animais, as plantas e, como nós, os passarinhos. Sempre que vejo os observadores com aquelas roupas e parafernálias, faço questão de aparecer, para que saibam e digam para todos que ainda estou aqui.
Seria muito bom se Itapoá, privilegiada que foi pela Natureza, mantivesse mais Unidades de Conservação, certamente mais pessoas viriam ver esse patrimônio natural de que faço parte.
Tenho fé que isso irá acontecer, afinal, vocês humanos dizem que a esperança é sempre a última a morrer.
Quase esqueço! A Câmara de Vereadores aprovou e o prefeito sancionou uma lei dizendo que sou a Ave Símbolo de Itapoá.
Prazer em conhecê-los.
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silmar bohrer/Barra do Saí